BRASÍLIA - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, viaja na próxima semana para Peru, Equador e Bolívia para discutir com autoridades desses países estratégias que coíbam ações de coiotes, grupos criminosos especializados em tentar vender vantagens para que imigrantes ilegais entrem no Brasil. A ideia é ter uma estratégia conjunta para o enfrentamento.
Como o Estado revelou na semana passada, com a promessa de vender facilidades a pelo menos 38 mil haitianos que já cruzaram, sem visto, a fronteira do Brasil pelo Acre, a rede de coiotes já faturou US$ 60 milhões - o equivalente a mais de R$ 185 milhões - nos últimos quatro anos. Os dados são da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Os três países, que serão visitados segunda, terça e quarta, integram a rota onde a atuação dos grupos é mais intensa. "Precisamos ter uma ação de combate conjunta das nossas polícias com a de outros países. Sem isso, será praticamente impossível um enfrentamento mais duro como nos queremos dessas organizações criminosas."
O ministro sugeriu também a realização de campanhas em outros países, para justamente alertar sobre os riscos de se recorrer a organizações criminosas para tentar ir ao Brasil. A ideia, segundo ele, é alertar sobre os perigos de tal estratégia e incentivar imigrantes a obter o visto de entrada para o Brasil.
Cardozo ressaltou também que o trânsito de imigrantes legais no País deve ser realizado de "forma articulada" entre Estados envolvidos e o governo federal. A afirmação é feita uma semana depois da troca de farpas entre o governador do Acre, Tião Viana (PT), e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). "Houve um descompasso informativo em algumas situações", avaliou.
Nesta quarta, o secretário nacional de Justiça, Beto Vasconcelos, reuniu-se com secretários estaduais para decidir estratégias conjuntas. O ministro ressaltou que, desde que tenham situação regularizada, migrantes têm direito de ir para o Estado que acharem mais conveniente.
De forma simultânea, disse, é preciso desenvolver ações para combater com rigor a atividade de organizações criminosas, sobretudo próximo do Acre. "Temos como linha o combate duro às organizações criminosas."