Cenário: Efeitos da medida na boca da urna são imprevisíveis

PUBLICIDADE

Por Wilson Tosta
Atualização:

RIO - Os efeitos da intervenção das Forças Armadas na segurança sobre as eleições de 2014 no Rio são imprevisíveis, mas a ação militar como polícia tem potencial para mexer com o imaginário político-eleitoral dos cariocas.

PUBLICIDADE

Foi assim em 1994, quando, sob pressão do Palácio do Planalto comandado por Itamar Franco e com o tucano Fernando Henrique Cardoso como candidato a presidente a bordo do Plano Real, o governo de Nilo Batista (PDT) cedeu e "aceitou" a "ajuda" federal na segurança. A primeira vez em que os militares haviam atuado na segurança pública foi na Eco-92, quando o Rio recebeu dezenas de chefes de Estado na conferência ambiental.

Em meio a uma das muitas crises do setor no Estado, o desfile de blindados e carros verde-oliva pelas ruas cariocas e as imagens de soldados patrulhando favelas ajudaram FHC e seu correspondente local, Marcello Alencar (PSDB), a derrotar no Estado, respectivamente, Luiz Inácio Lula da Silva e Anthony Garotinho (PDT).

Vinte anos depois, é impossível saber se Marinha, Exército e Aeronáutica terão, sobre a candidatura cambaleante a governador de Luiz Fernando Pezão, delfim do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), efeito semelhante. Mas é inegável que, principalmente se adentrar o período eleitoral, a presença de militares como policiais em comunidades carentes virará mais um símbolo da "colaboração" entre Estado e União que virou marca do governo peemedebista.

Essa parece ser a aposta de Cabral, especialmente quando tenta prolongar a intervenção militar até o fim do ano. Abandonado pelo PT, em meio a um inferno de impopularidade desde as manifestações de junho de 2013, o governador precisa criar um fato que possa recolocá-lo no jogo político eleitoral. A ordem unida pelas vielas da Maré pode ser um caminho para isso.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.