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Chefe da máfia italiana é preso no Brasil

Operação internacional prendeu em quatro países 20 acusados de ligação com a máfia, fraude e corrupção

Por Assimina Vlahou
Atualização:

Em uma operação internacional contra o crime organizado, polícias de quatro países prederam 20 pessoas acusadas de associação com a máfia e transações ilícitas, entre elas Leonardo Badalamenti, o suposto chefe do grupo, detido no Brasil. Badalamenti é filho de Gaetano Badalamenti, um dos antigos chefões da máfia siciliana, morto em 2004. A operação, chamada "Cento Passi", ocorreu simultaneamente na madrugada desta sexta-feira na Itália, Espanha, Venezuela e Brasil, culminando com a prisão de 20 pessoas de nacionalidade italiana, acusadas de associação mafiosa, corrupção e fraude. No Brasil, agentes da polícia federal em colaboração com a Interpol, prenderam Badalamenti, de 49 anos, em São Paulo, cidade onde morava segundo o procurador Vittorio Teresi, um dos coordenadores da operação. "Badalamenti foi detido em São Paulo, diante de nosso pedido de prisão provisória para fins de extradição", disse. O tenente coronel Strada, da polícia de Florença, que participou das operações, afirmou que a polícia brasileira fez um excelente trabalho porque não era fácil encontrar Leonardo Badalamenti, que vivia na cidade com o nome falso de Carlos Massetti. Títulos falsos O grupo chefiado por Badalamenti é acusado de tentar negociar títulos de investimento falsos, através de agentes financeiros. "Leonardo Badalamenti era um dos coordenadores destas operações, feitas para tentar negociar títulos falsos no circuito financeiro internacional através de algumas filiais do Banco da Venezuela nos Estados Unidos, na própria Venezuela e na Inglaterra", informou o procurador Teresi. O grupo de mafiosos queria negociar títulos falsos da dívida pública venezuelana por um total de cerca US$ 1 bilhão, que poderiam garantir abertura de crédito em bancos de diversos países, entre eles o Lehman Brothers de Baltimore, nos Estados Unidos, além de uma filial do Shanghai Bank em Hong Kong e um banco inglês. Os institutos de crédito e os agentes financeiros, com base num atestado de depósito de papéis falsos garantido por um funcionário corrupto do Banco Central da Venezuela, deveriam autorizar o financiamento de centenas de milhões de dólares que seriam investidos em operações muito rentáveis. Bloqueio Segundo o magistrado, as tentativas de negociação de títulos falsos ocorreram entre dezembro de 2003 e abril de 2004 e não tiveram êxito porque o sistema de controle internacional dos bancos detectou algo de errado e bloqueou as operações. "Fomos informados do caso porque, na época em que ocorreram, estávamos investigando as atividades das pessoas envolvidas". Após a prisão de Leonardo Badalamenti, as autoridades italianas aguardam a decisão sobre sua extradição para a Itália. Segundo o tratado de extradição, assinado pelos governos da Itália e do Brasil em 1989 e promulgado em 1993, após a prisão, ele deve permanecer detido à espera da decisão do Supremo Tribunal Federal. O caso da extradição de Badalamenti vai entrar na pauta do STF, que já tem o polêmico caso do ex-terrorista Cesare Battisti para examinar. A decisão pode levar alguns meses. Leonardo Badalamenti é filho do "chefão" Gaetano, conhecido como Dom Tano Badalamenti, morto aos 81 anos numa prisão nos Estados Unidos, em 2004. Seu envolvimento com o tráfico de drogas ficou comprovado em 1984 através da operação "Pizza Connection". "Conhecemos muito bem os Badalamenti", disse o procurador. Gaetano Badalamenti era o "padrinho" da máfia siciliana até os anos 80, quando iniciou uma guerra pelo poder com o clã adversário dos "corleoneses", que venceram e assassinaram quase toda a família Badalamenti. Dom Tano fugiu para o Brasil e depois se transferiu para os Estados Unidos.

 

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