CNJ avalia como 'péssimas' as condições do presídio em Roraima onde 31 foram mortos

Penitenciária Agrícola de Boa Vista (PAMC) tem capacidade para abrigar 750 detentos, mas havia 1.398 no local antes do massacre

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Por Juliana Diógenes
Atualização:

Último relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgado em 2014, classifica de "péssimas" as condições da Penitenciária Agrícola de Boa Vista (PAMC), onde 31 presos foram mortos na madrugada desta sexta-feira, 6. Segundo o CNJ, o local tem capacidade para 750 detentos, mas abrigava 1.398.

As mortes aconteceram cinco dias após massacre no complexo penitenciário Anísio Jobim do Amazonas, em Manaus, que deixou 56 mortos. Outros quatro detentos morreram em outro presídio da capital. No PAMC, localizado na zona rural de Boa Vista, a maioria das vítimas foi decapitada, teve o coração arrancado ou foi desmembrada. Os corpos foram jogados em um corredor.

Penintenciária Agrícola de Boa Vista Foto: Cyneida Correia

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O PAMC é local de cumprimento de pena em regime fechado. O local não possui aparelho para bloqueio de celular ou oficinas de trabalho. 

Segundo o relatório, na inspeção realizada na ocasião não foram encontradas armas de fogo ou instrumentos capazes de ofender a integridade física. Porém, foram apreendidos 113 aparelhos de comunicação ou acessórios.

O CNJ informou no documento que não houve registro de mortes acidentais por homicídio, fugas ou rebeliões. Os dados são do Relatório Mensal do Cadastro Nacional de Inspeções nos Estabelecimentos Penais (CNIEP).

 

Terceiro pior. Este é o terceiro maior massacre em presídios, em número de mortes, na história do Brasil, atrás apenas do ocorrido no Carandiru, em São Paulo, em 1992, quando 111 presos foram mortos e de Manaus onde foram mortos 60 presos esta semana.

Os detentos quebraram os cadeados e invadiram a Ala 5, cozinha e cadeião onde ficavam os presos de menor periculosidade. De acordo com informações de agentes penitenciários, não houve fugas. Para o secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel de Castro Júnior, os crimes podem ter sido cometidos por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC)

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Briga. Em outubro, na mesma penitenciária, uma rebelião provocada por briga entre o Comando Vermelho (CV) e o PCC deixou pelo menos dez presos mortos. Todos os mortos seriam integrantes da facção Comando Vermelho, que domina cerca de 10% do presídio. Os outros 90% são controlados pelo grupo rival Primeiro Comando da Capital.

Até junho passado, PCC e CV eram aliados na disputa pelo controle do tráfico na fronteira com o Paraguai.

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