Conselho de Direitos Humanos cobra 'plano emergencial' para sistema penitenciário no MA

Apesar da contundência do posicionamento, o colegiado não pediu abertamente a intervenção federal no estado

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Por Ricardo Brito
Atualização:

O Conselho de Defesa dos Diretos da Pessoa Humana (CDDPH) aprovou nesta quinta-feira, 9, uma declaração em que cobra, entre outras ações, que o governo do Maranhão elabore e apresente um "plano emergencial" para superar imediatamente o descalabro no sistema penitenciário e de segurança do estado. A gestão da governadora Roseana Sarney (PMDB) está sob pressão depois do registro de 60 mortes de presos na Penitenciária de Pedrinhas no ano passado, inclusive com a decapitação de detentos, e ataques a ônibus determinados por presos.

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Apesar da contundência do posicionamento, o colegiado não cobrou abertamente a intervenção federal no estado. Durante o encontro, presidido pela ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, integrantes do Ministério Público, da Ordem dos Advogados e de outras entidades defenderam publicamente a medida.

Mas o conselho avaliou que a competência legal para fazer o pedido ao Supremo Tribunal Federal é exclusivamente do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O chefe do MPF analisa o pedido, a partir de informações que recebeu de procuradores da República que atuam no Maranhão e de relatórios feitos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Na declaração pública, de duas páginas, o colegiado pediu que o enfrentamento dos grupos criminosos que atuam contra a população. A manifestação também cobra a responsabilização de quem tenha ordenado ou executado os assassinatos dos presos, assim como os atos de incendiar ônibus que levaram à morte da menina Ana Clara dos Santos.

Integrantes da comissão afirmaram que, pelo menos desde 2008, relatórios do CNJ e do CNMP apontaram uma série de irregularidades no presídio de Pedrinhas, como superlotação e inclusão de presos de facções adversárias no mesmo ambiente. A procuradora de Justiça de Goiás Ivana Farina, que participou de uma inspeção do CNMP em outubro, relatou que a própria governadora prometeu o investimento de R$ 53 milhões no sistema carcerário estadual. Contudo, segundo ela, nada foi feito desde então.

Diante dos relatos, conselheiros como o subprocurador-geral da República Aurélio Veigas Rios defenderam na reunião a intervenção federal. Eles disseram que qualquer tomada de decisão não poderia ficar sujeita ao fato de que 2014 é um ano eleitoral e uma medida dessa envergadura poderia trazer prejuízos políticos para Roseana Sarney.

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos concordou com o discurso de isenção da manifestação do conselho. Segundo ela, é preciso estar acima do discurso da situação e da oposição e "pensarmos na vida das pessoas". "Não vamos ceder nessa reunião a nenhum discurso que nós leve ao plano governo, oposição, alianças. Aqui nós estamos falando de direitos humanos. O governo atua de forma institucional", destacou.

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Apesar de pressionada por jornalistas, que aguardavam uma manifestação dela sobre um eventual pedido de intervenção, Maria do Rosário disse que estava na reunião do conselho como integrante. E caberia ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se pronunciar pelo governo federal. Cardozo reúne-se nesta quinta-feira com a governadora Roseana Sarney.

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