Corpo de criança desaparecida desde sexta-feira é encontrado no Rio

Menino de 13 anos foi enforcado com camisa da escola e teve pernas e pulsos quebrados; único suspeito foi liberado pela polícia, mesmo após ter sido reconhecido

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Por Redação
Atualização:

RIO - Familiares encontraram na manhã desta segunda-feira, 17, no bairro de Tomás Coelho, na zona norte do Rio, o corpo do estudante Emerson Ferreira Pontes, de 13 anos. Ele estava desaparecido desde a manhã da última sexta-feira, após ser agredido por pelo menos três homens, em um dos acessos ao Morro do Urubu, em Pilares (zona norte), depois de montar em um cavalo. A polícia investiga se o crime foi cometido por traficantes. O único suspeito reconhecido por um colega da vítima foi liberado pela polícia, mesmo após o reconhecimento de uma testemunha.

 

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De acordo com o pai do menino, o açougueiro Edwilson Reis Porto, de 33 anos, depois de saber que não haveria aula, Emerson pegou o ônibus da linha 650 em direção a um shopping acompanhado por sete colegas da escola. Nas proximidades do Morro do Urubu, Emerson e o colega X., de 10 anos, viram um cavalo. Os dois saltaram do ônibus e resolveram montar o animal, mas foram flagrados e repreendidos por dois homens. Eles perguntaram onde os meninos moravam. Ao saber que as crianças eram da Favela do Jacarezinho, dominada por traficantes do Comando Vermelho, os adultos aplicaram uma surra de chicote nos dois e alegaram que o Morro do Urubu era dominado pela quadrilha Amigos dos Amigos (ADA).

 

X., de 9 anos, recebeu golpes de chicote no rosto e foi liberado pelos criminosos. Em depoimento à polícia, ele disse que antes de correr viu que um homem iria quebrar as duas pernas de Emerson com golpes de porrete.

 

Ao notar que o filho não estava em casa para o almoço, o pai do menino começou a procurar o estudante. No início da noite, ele encontrou X. que contou o ocorrido.

 

A família foi prestar queixa na 25ª Delegacia de Polícia. Em diligência, os agentes prenderam Paulo Henrique Ferreira, de 22 anos. Ele disse que trabalha em um lava jato, mas foi reconhecido por X. como o homem que o agrediu e também bateu em Emerson. O acusado foi autuado por lesão corporal, mas apontou um homem identificado como Ronaldo, que seria carroceiro e dono dos cavalos, como o espancador. Até a meia-noite, os familiares ficaram na delegacia aguardando notícias. Quando os pais voltaram à delegacia na manhã de sábado, eles souberam que suspeito foi liberado de madrugada.

 

"Não cabe prisão em caso de lesão corporal e ainda não havia a confirmação oficial do desaparecimento, por isso ele foi liberado", justificou o delegado titular da 25ª Delegacia de Polícia do Engenho Novo, Carlos Henrique Machado.

 

A família achou que os policiais não estavam levando o caso a sério e começou a investigar por conta própria. "Eu fiquei desesperada e fui procurar meu filho no Morro do Urubu. Lá, eles (os traficantes) e alguns moradores disseram que não sabiam de nada", contou a mãe do menino, a empregada doméstica Elisângela Ferreira, de 32 anos.

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Pela manhã, um telefonema anônimo para os pais de Emerson revelou a localização do cadáver do menino. "Não avisamos para poupar os pais e fomos até o local onde funciona um lixão. O corpo dele estava debaixo de telhas e outros objetos. O menino estava deformado com as pernas e os pulsos quebrados. Ele foi enforcado com a camisa da escola", lamentou a tia do estudante, Eliane Quelis, de 51 anos, que chamou a Polícia Militar após identificar o sobrinho.

 

Por se tratar de homicídio doloso, o caso foi transferido para a Divisão de Homicídios (DH) onde os pais de Emerson prestaram depoimento na tarde de ontem. "A princípio o motivo do litígio foi o cavalo, mas nada está descartado. Estamos em diligência para localizar o homem que foi reconhecido pela testemunha", informou o delegado titular da DH, Felipe Ettore.

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