Cremação pôs foco no caso de suposta filha

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Por Eduardo Kattah , Daiene Cardoso e Marcelo Portela
Atualização:

BELO HORIZONTEA decisão da família pela cremação do corpo do ex-vice-presidente José Alencar trouxe à tona novamente a ação judicial movida pela professora aposentada Rosemary de Morais, de 55 anos, para ser reconhecida como sua filha. A família alega que atendeu a um pedido do próprio Alencar, mas ontem, durante o velório, circularam informações de que o corpo de Alencar poderia se enterrado em vez de cremado. Especulações de que a decisão pela cremação poderia levar à anulação da possibilidade de prova material - obtida por meio do exame de DNA - causou desconforto entre familiares e outros presentes. Rosemary, que mora em Caratinga (MG), cogitou comparecer ao velório, mas acabou desistindo, com receio de "se sentir uma intrusa". "Penso que é um direito deles. O certo seria colher material (genético) dele antes de fazer a cremação. Não sou eu que tenho de provar, eles é que têm", afirmou Rosemary ao Estado. "Nem quis ir ao velório para não dar motivo, para não atrapalhar em nada, dizer que eu fui atrás de mídia. Estou quieta no meu canto."Para o advogado da professora, Geraldo Jordan de Souza Júnior, caberia à família fazer a reserva do material genético para contestar a alegação de paternidade, uma vez que sua cliente foi declarada filha legítima pelo juiz José Antônio de Oliveira Cordeiro, da Vara Cível de Caratinga. Após a cerimônia, Antônio Gomes da Silva, irmão de Alencar, negou qualquer vínculo entre a cremação do corpo e a ação de paternidade. "De jeito nenhum", resumiu. "Foi uma decisão que tinha de partir da mulher e dos filhos. Tem de consultar todos." Em julho do ano passado, o juiz de Caratinga concedeu a Rosemary o direito de adotar o sobrenome de Alencar, em ação de investigação de paternidade instaurada em 2001. A defesa recorreu e o processo será remetido ao TJ de Minas. Durante o processo, o ex-vice-presidente se recusou a conceder material genético para exame de DNA.

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