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Cresce 300% nº de mulheres vítimas de cárcere privado no País

Em média, a cada 2 horas e meia uma brasileira foi vítima em 2015, segundo relatos ao Ligue 180; casos de estupro aumentam 165,2%

Por Juliana Diógenes
Atualização:

SÃO PAULO - A cada duas horas e meia, em média, uma mulher relatou ser vítima de cárcere privado neste ano no Brasil por meio do Ligue 180. Nos dez primeiros meses de 2015, em relação ao mesmo período do ano passado, houve aumento de 300% de denúncias do crime que consiste em manter a vítima em recinto fechado. Os relatos de casos de estupro cresceram 165,2%, com média de uma denúncia a cada três horas.

Os dados são da Secretaria de Política Para Mulheres e foram divulgados na manhã desta quarta-feira, 25, em Brasília, por ocasião do Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. Criada em 2006, a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) recebe denúncias e relatos de violência, orienta as mulheres sobre a legislação vigente e encaminha para os serviços competentes. 

Mulheres participamda Marcha das Vadias, em São Paulo, eprotestam pelo fim da violência contra a mulher Foto: Felipe Rau/Estadão

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De janeiro a outubro em 2015, o Ligue 180 realizou 644.862 atendimentos, 56,1% superior ao número de telefonemas do mesmo período de 2014 (406.515). Até agora, foram em média 63.486 atendimentos mensais e 2.116 diários. 

Em 2015, do total de atendimentos, 63.090 foram relatos de violência, dos quais 58,55% praticados contra mulheres negras. Segundo a Central de Atendimento à Mulher, "esses dados demonstram a importância da inclusão de indicadores de raça e gênero nos registros administrativos referentes à violência contra as mulheres".

Entre os relatos, 49,8% foram relatos de violência física, 30,4% de violência psicológica, 7,3% de violência moral, 2,2% de violência patrimonial, 4,8% de violência sexual, 4,8% de cárcere privado, e 0,5% de tráfico de pessoas. 

Neste ano, o Ligue 180 atendeu todas as 27 unidades da federação, com média de 52,4 relatos de violência por 100 mil mulheres. Do total de atendimentos deste ano, 39,5% corresponderam à prestação de informações, principalmente sobre a Lei Maria da Penha; 9,6% foram encaminhamentos para serviços especializados; e 40,2%, direcionamentos para 190 da Policia Militar, 197 da Polícia Civil e Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos.

Segundo a Secretaria de Política Para Mulheres, Campo Grande permanece com a maior taxa de relatos de violência entre as capitais, seguida por Rio de Janeiro e Natal. Entre as unidades da federação, foi no Distrito Federal a maior taxa de relatos de violência registrados no Ligue 180, seguido por Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro.

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Em dez anos de Ligue 180, foram realizados mais de 4,7 milhões de atendimentos. Desses, 552.748 foram relatos de violência, com destaque para os de violência física (56,7%) e psicológica (27,7%).

 

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