Crise penitenciária tem solução, mas está nas mãos dos Estados, diz ministro
Raul Jungmann afirma que a ordem foi restabelecida nas ruas do Rio Grande do Norte após envio de tropas das Forças Armadas
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Por Daniel Weterman
Atualização:
SÃO PAULO - O ministro da Defesa, Raul Jungmann afirmou na manhã desta segunda-feira, 23, que a crise penitenciária no País tem solução, mas a resolução está nas mãos dos Estados, que por sua vez vivem um período econômico difícil.
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"Acho que tem (solução), mas está predominantemente em grande medida nas mãos dos Estados, pela Constituição, mas os Estados vivem um período difícil na parte fiscal", afirmou o ministro, em entrevista à Rádio CBN.
Tropas das Forças Armadas foram enviadas ao Rio Grande do Norte no fim de semana para conter os avanços da guerra entre facções que deixou mortos no Estado.
Segundo o ministro, a ordem nas ruas potiguares foi restabelecida fora dos presídios após o envio dos militares. "Já não temos incêndio de ônibus, não há descontrole nas ruas. De fato, o clima hoje é melhor do que anteriormente", declarou.
Detentos fazem batalha campal na Penitenciária de Alcaçuz, no RN
1 / 13Detentos fazem batalha campal na Penitenciária de Alcaçuz, no RN
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Detentos usaram plástico, madeira e outros objetos paramontar barricadas e atacar presos de facções rivais Foto: Andressa Anholete/AFP
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Os detentos usaram vários objetos e improvisaram lanças e armas Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Do lado de fora da penitenciária, policiaisfizeram disparos com balas de borracha e lançaram bombas de efeito moralpara tentar impedir a aproximação d... Foto: Andressa Anholete/AFPMais
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Policiais militares reagiram e fizeram disparos com armas não letais para tentar conter o confronto entre os presos Foto: Marco Antônio Carvalho/Estadão
Briga entre facções em Nísia Floresta
As primeiras informações indicam que presos do Primeiro Comando da Capitalavançam sobre detentos do Sindicato do Crime RN Foto: Andressa Anholete/AFP
Guerra entre facções em Nísia Floresta
PM atirou várias bombas de efeito moral para tentar conter o confronto Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Uma grande quantidade de tiros pôde ser ouvida na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal Foto: Andressa Anholete/AFP
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Alguns dos detentos colocaram camisetas na cabeça para esconder o rosto Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Desde o massacre, a Penitenciária Estadual de Alcaçuz está tomada pelos detentos, que caminham livremente no pátio - as celas foram destruídas Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
A Penitenciária Estadual de Alcaçuz é a maior do Rio Grande do Norte Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Detentos hastearam bandeiras durante a batalha campal na Penitenciária de Alcaçuz Foto: Marco Antônio Carvalho/Estadão
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Na tentativa de evitar fugas, a Força Nacional realiza rondas em volta de Alcaçuz Foto: Andressa Anholete/AFP
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Este confronto aconteceu seis dias após o fim do massacre na penitenciária que terminou com 26 mortos Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Jungmann voltou a falar que governo já percebia durante a Olimpíada no Rio de Janeiro que o conflito entre facções demandaria respostas maiores das Forças Armadas.
"Percebemos que esse clima tendia a um agravamento, tínhamos a percepção de que aquela preocupação poderia levar a maior demanda da participação das Forças Armadas nessa questão", afirmou, referindo-se a ele, ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e ao chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Sergio Etchegoyen, que estavam no Rio durante os Jogos Olímpicos.
O ministro afirmou que o governo está intensificando o monitoramento de fronteiras para combater o tráfico de drogas ao Brasil. Ele informou que R$ 470 milhões estão sendo investidos neste ano para o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), desenvolvido pelo Exército.
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Veja imagens do interior do presídio de Alcaçuz
1 / 14Veja imagens do interior do presídio de Alcaçuz
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Corredor da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Uma das celas da Penitenciária Estadual de Alcaçuz Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Mais detalhes da cela Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
A Penitenciária Estadual de Alcaçuz é a maior do Rio Grande do Norte Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Área externa do presídio Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Alcaçuz se localiza na cidade de Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal, a cerca de 25 quilômetros da capital potiguar Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Corredor de celas da penitenciária Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Sala de aula do presídio Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Cozinha onde os funcionários do presídio preparam refeições para os detentos Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Preparo de refeição para os detentos Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Sanitário de uma das celas Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Grades que separam ala do presídio Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Área reservada apenas a funcionários da cadeia Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
O massacre de 14 de janeiro de 2017 foi a maior matança registrada na Penitenciária Estadual de Alcaçuz Foto: Divulgação
Ele reconheceu que há necessidade de um contingente maior de militares no trabalho. Atualmente, o órgão soma 35 mil profissionais. "Nós precisaríamos de mais, sem menor sombra de dúvidas, mas é isso que temos como capacidade de orçamento (no momento atual)."
Para o ministro, é preciso promover um acordo de cooperação com os países que fazem fronteira com o Brasil para interromper o contrabando ilegal de drogas. Jungmann contou que pretende organizar um encontro com os ministros da Defesa de países da América do Sul e discutir a atuação articulada entre os governos.
Críticas. Ao comentar as críticas à atuação das Forças Armadas nas fronteiras e no envio das tropas para os presídios, Jungmann afirmou que os ataques são feitos por quem não conhece o trabalho dos militares.
"Isso é desinformação da capacidade que têm as Forças Armadas de fazer varreduras e desconhecimento das Forças nas fronteiras", disse.
Além do Rio Grande do Norte, tropas serão enviadas para varreduras e limpeza nos presídios de Roraima e Amazonas, conforme solicitado pelos governadores estaduais, destacou.