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Da Caravana do Bolinha à chefia do cerimonial paulista

Na chefia do cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, Cláudia Matarazzo já correu o País na Caravana do Bolinha, com Sula Miranda e Zezé Di Camargo

Por Agencia Estado
Atualização:

Famosa pelos seus livros de etiqueta, a paulistana Cláudia Matarazzo, de 48 anos, vem conseguindo o que parecia impossível. Na chefia do cerimonial do Palácio dos Bandeirantes desde o início do ano, ela ganha espaço em colunas sociais até mesmo com compromissos rotineiros do governador. No início do mês, por exemplo, Cláudia organizou um jantar com o corpo consular na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes. Representantes de nações variadas como França, Letônia, San Marino, Tailândia e Bangladesh comentaram que havia mais de dez anos que nenhum governador convidava para esta ala tão restrita. A idéia pegou superbem. Cláudia chegou mesmo ao novo posto cheia de idéias. Amanhã, recebe 400 convidados, entre professores, secretários e amigos do governador, para assistirem a Uma Verdade Inconveniente, o filme do ex-vice-presidente americano Al Gore sobre o aquecimento global. ?Conseguimos da Paramount um lote de DVDs para repassar às escolas estaduais?, diz Micaela Marcovici, um dos braços direitos de Cláudia. ?Outro projeto, ainda sem data marcada, é a criação de uma lojinha para vender lembrancinhas do governo paulista?, conta a chefe do cerimonial. Haverá, entre outros objetos, serviços completos usados em grandes cerimônias. De porcelana branca, com filetes dourados e pretos, o conjunto de louça feito especialmente para o governador Roberto Costa de Abreu Sodré (que governou de 1967 a 71) é um dos cotados. ?Faremos réplicas mais baratas para vender.? Cabe ao chefe do cerimonial aplicar de forma sensata as regras do protocolo público, previstas no decreto 70.274, assinado pelo presidente Emílio Garrastazu Médici em 1972. ?São normas internacionais que facilitam o relacionamento entre autoridades ?, diz Luiz Alberto Farias, professor de Relações Públicas da Escola de Comunicações e Artes da USP. Elas determinam desde a ordem de colocação das bandeiras de nações diferentes à da entrada de ministros. Só por curiosidade: as bandeiras devem ser dispostas em ordem alfabética e a precedência dos ministros é determinada pela antiguidade das respectivas pastas. ?Em algumas ocasiões, o protocolo pode ser quebrado por uma questão de gentileza ou mesmo de demonstração de poder, mas sem causar constrangimentos?, diz Farias. Cláudia carrega uma edição resumida do cerimonial público na bolsa. ?Já cansei de ouvir que não posso fazer isso ou aquilo porque a lei não permite?, diz ela. ?Procuro o jeito mais prático de fazer as coisas e o governador colabora muito.? Outro dia, (José) Serra estava a três quadras de um compromisso. O trânsito estava congestionado. Ele desceu do carro e foi a pé. ?Pior seria se chegasse atrasado?, diz ela. Família tradicional Cláudia vem de uma família paulistana tradicional. Seu avô era irmão de Francisco Antônio Paulo Matarazzo Sobrinho, mais conhecido como Ciccillo Matarazzo, um grande incentivador das artes plásticas. Ele fundou, em 1946, o Museu de Arte Moderna de São Paulo e, em 1951, a Bienal Internacional de Arte de São Paulo, que presidiu até morrer, em 1977. Sua sobrinha-neta conhece bem os traquejos sociais, mas nunca foi uma madame. Formada em Jornalismo na década de 80, tentou firmar-se como cantora. Correu o País com Sula Miranda e Zezé Di Camargo, na famosa Caravana do Bolinha, então âncora de um programa de auditório que ficou no ar por 30 anos na TV Bandeirantes. Em 1987, finalmente gravou um vinil, com músicas que iam do forró ao pop nacional. ?Cláudia nunca foi comportada?, conta uma de suas melhores amigas, Barbara Gancia, colunista da Folha de S. Paulo e da Band News FM. As duas se conheceram no colégio britânico Saint Paul School, uma escola de elite. ?Ela fazia imitações engraçadíssimas como a de uma galinha?, conta Barbara. Hoje, Cláudia deixa escapar sua irreverência nos detalhes. Ao assumir o cargo, ela pediu uma tela a Gustavo Rosa para enfeitar sua sala, apesar do acervo de o Palácio ter 1.700 obras, algumas assinadas por grandes pintores românticos brasileiros do século 19, como Almeida Júnior. Gustavo retratou três mulheres de torso nu em cores fortes. Há quem diga que a do meio, a morena de batom verde limão, seja a chefe do cerimonial de Serra.

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