Debates eleitorais perdem força e interesse dos eleitores

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Por Redação
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Com formatos e regras cada dia mais engessados pelas emissoras de televisão, os debates dos candidatos à Presidência têm empolgado menos os brasileiros. Até mesmo um jogo de futebol foi capaz de desviar a atenção dos eleitores no primeiro debate presidencial de 2010, realizado no dia 5 de agosto pela TV Bandeirantes. A mesma emissora que foi capaz, em 1989, de colocar atrás da telinha quase 100 milhões de brasileiros, conseguiu atrair a atenção de cerca de 240 mil telespectadores. O desinteresse do eleitorado se deve também à postura dos candidatos: preocupados com as repercussões de suas declarações nas pesquisas e seguindo as orientações de assessores, os concorrentes buscam fugir da polêmica e transformam o debate em continuação do horário eleitoral gratuito. A audiência de 1989 foi conquistada não só pela atuação menos engessada dos candidatos como também pelo ineditismo da televisão como espaço de embate político. Era a primeira vez que o brasileiro assistia a um debate de presidenciáveis televisionado. Antes da redemocratização do País, a TV Tupi em São Paulo tentou, em 1960, fazer um debate dentro do programa Pinga Fogo. O convite foi aceito pelos candidatos Ademar de Barros e o marechal Henrique Teixeira Lott, mas Jânio Quadros negou-se a participar, preferindo fazer um comício no Recife. Durante a ditadura militar, os debates desapareceram e era permitido que a TV divulgasse apenas o currículo, a fotografia e o número do candidato. Apesar da grande audiência na década de 1990, Fernando Henrique Cardoso não compareceu a nenhum dos debates e conseguiu se eleger nas eleições de 1994 e 1998. Porém, o brasileiro costuma punir os candidatos que fogem dos debates: em 2006, Lula - com maioria- só foi para o segundo turno contra Geraldo Alckmin porque não compareceu ao último debate. No segundo turno, Lula não arriscou: foi em quatro dos cinco debates agendados e venceu a eleição com 60,8% dos votos válidos.

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