Descoberto esquema de policiais para defender traficante

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Por Agencia Estado
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Uma força-tarefa integrada por promotores do Ministério Público Estadual e representantes da cúpula da Secretaria da Segurança Pública, descobriu o envolvimento de policiais civis e militares com o maior traficante de drogas da Bahia, o empresário Raimundo Alves de Souza, o "Ravengar". Um capitão da PM, um policial civil e um funcionário da Vara de Tóxicos de Salvador, que supostamente integravam o esquema já foram presos. "Ravengar" e mais sete policiais estão foragidos. As autoridades baianas sempre ficaram intrigadas como "Ravengar" conseguia se livrar dos vários processos que tramitaram na 1a Vara de Tóxicos contra ele na década de 90. Durante as investigações os promotores Oscar Araújo e Jânio Braga levantaram que Osmário Werner, funcionário da Vara de Tóxicos tinha acesso aos processos e passava informações sigilosas aos advogados do empresário que conseguiam preparar uma defesa eficiente nos julgamentos. Ao ser preso ontem, Werner negou a acusação e disse que a única ligação com "Ravengar" era o fato de vender uma bebida conhecida na Bahia como "capeta", na casa de espetáculos do empresário, a Mega Show situada no Bairro Retiro, na periferia de Salvador. Para fazer a segurança do local, "Ravengar" contratou vários policiais entre os quais o capitão Washington Luís Plácido, subcomandante da Rondas Especiais da PM, que foi detido. Plácido explicou não saber das atividades ilegais de Ravengar e que o comando da PM sabia do seu "bico" como segurança da Mega Show. O terceiro preso até o momento é o chefe do serviço de investigação da 1a Delegacia de Polícia de Salvador, Carlos do Carmo. Numa "batida" realizada na casa de "Ravengar" os integrantes da força-tarefa encontraram vinte kits do bloco carnavalesco Jaguar 2004, organizado pelos policiais civis da capital baiana. Um dos itens do kit é um panfleto assinado por Carmo. O bloco que participou da festa da Lavagem do Bonfim, na Segunda quinta-feira de janeiro, teve como patrocinador o Mega Show. Além da casa de espetáculos de "Ravengar", o bloco recebeu o apoio do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia, (Sindpoc) cujo presidente Crispiniano Daltro já foi candidato do PT a deputado estadual e um dos líderes da greve da polícia baiana em 2002. Daltro disse que o envolvimento do Sindpoc no caso é uma represália do governo estadual no momento em que a entidade está tentando organizar outra greve da categoria.

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