Desigualdades sociais do Brasil fariam País cair 16 posições no IDH

Nota alcançada no último relatório do PNUD, de 0,744, baixaria para 0,542, menor do que a avaliação da Ucrânia e do Peru, por exemplo

PUBLICIDADE

Foto do author Leonencio Nossa
Por Ligia Formenti e Leonencio Nossa
Atualização:

BRASÍLIA - O Brasil perderia 16 posições na classificação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) se fossem consideradas as desigualdades no País. A nota alcançada neste último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que foi de 0,744 cairia para 0,542 - uma média menor do que a apresentada, por exemplo, pela Ucrânia (0,667) e pelo Peru (0,562). 

PUBLICIDADE

O ajuste pela desigualdade é feito por um indicador criado pelo PNUD em 2010, o IDHD. Essa análise considera, além da média de desenvolvimento, as diferenças nos indicadores de renda, educação e saúde entre a população. Quanto maior a desigualdade, maior o desconto.

O fator que mais contribui para a queda do Brasil no ranking do IDHD é a renda da população. O desconto da nota brasileira é de 39,7% nesse quesito. Em segundo lugar vem o índice de educação, com perda de 24,7%. A menor desigualdade é registrada na área de saúde. Nesse item, a perda provocada no ajuste é de 14,5%. 

Assim como ocorreu em anos anteriores, chama atenção o porcentual da perda na nota da renda. Entre os países do bloco de desenvolvimento alto, o Brasil é o terceiro em desigualdade nesta área. O desconto aplicado ao País neste quesito do IDHD só é menor que o do Irã (que teve sua nota reduzida em 46,6%) e a Colômbia (com desconto de 41,5%).

O padrão é observado em todo o bloco de países de desenvolvimento humano muito elevado e de desenvolvimento humano elevado: conjuntamente, a renda é o principal fator de desigualdade, seguido por educação e, por último, a saúde. Com algumas exceções. A Coreia, de desenvolvimento humano muito elevado, apresenta maior desigualdade na área de educação. A diferença de acesso aos serviços nesta área provocou um desconto de 28,1% da nota geral do país. A renda vem em segundo lugar, com desconto de 18,4%. O mesmo acontece com Japão, que tem na educação o maior desconto, de 19,8%.

Rússia. Integrante com Brasil do grupo dos BRICs, a Rússia, também classificada como país de alto desenvolvimento humano, teria um aumento de 3 posições, caso as diferenças fossem avaliadas. O país, que alcançou no IDH a nota 0,778 recebeu no IDH-D a nota 0,685. O maior desconto foi no quesito renda. A nota, nessa área, foi reduzida em 22,9%. Em seguida vem a expectativa de vida. As diferenças apresentadas nessa área levaram o país a ter um desconto de 9,8% na sua nota. Por último, vem educação, com desconto de 2,1%.

Chama a atenção também os resultados apresentados pelos Estados Unidos. Caso a desigualdade fosse levada em consideração, o país perderia 23 posições no ranking. As diferenças na renda da população são o principal fator para a queda. O desconto da nota é de 35,6% , seguido por educação (6,7%) e expectativa de vida (6,2%).

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.