''É difícil escapar do conflito entre imprensa e poder''

Cremilda Medina, jornalista e professora da ECA-USP

PUBLICIDADE

Por Flavia Tavares
Atualização:

Baseado em um seminário sobre liberdade de expressão realizado no Memorial da América Latina, em março, será lançado hoje o livro Liberdade de expressão - Direito à informação nas sociedades latino-americanas, organizado por Cremilda Medina. Ao Estado, ela falou sobre os cerceamentos à imprensa no Brasil e no continente.A liberdade de imprensa está ameaçada?Jamais podia imaginar que esse tema voltaria à pauta em pleno século 21. Mas há sintomas muito claros disso na América Latina: na Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina.O Brasil está nesse cenário?Há depoimentos fortes no livro, como o do jornalista Alberto Dines, que fez um relato sobre cerceamentos na imprensa brasileira até os dias de hoje. O caso do Estado, exposto pelo jornalista José Maria Mayrink, é exemplar. Fez emergir essa ferida da sociedade autoritária. É o que está acontecendo em alguns Estados brasileiros, que querem conselhos de intervenção na comunicação.A senhora é contra esse tipo de interferência?Não me oponho a um conselho social de discussão de comunicação. O problema é que esses conselhos são aparelhados, governamentais e partidários. Isso não se pode admitir.Os ânimos entre imprensa e poder estão mais acirrados?Não há como escapar dos conflitos inerentes a essa relação. Eles são vocalizados pelo Executivo, Legislativo ou pelo Judiciário. Mas temos uma Constituição e alguns elementos que nos indicam que há uma autorregulação. Os próprios profissionais têm uma responsabilidade social. O importante é trabalhar na formação de jornalistas responsáveis eticamente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.