''Ele estava com revólver e várias balas no bolso''

ENTREVISTA - João: refém (nome fictício)

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

As cozinheiras Francimar Fernandes, de 35 anos, e Lindomar Fernandes, de 38, foram até o CDHU do Jardim Santo André na madrugada de ontem, acompanhadas do advogado Eduardo Lopes, na tentativa de amparar o irmão, Lindembergue Fernandes Alves, de 22 anos. Elas disseram não saber que o irmão possuía uma arma. "Ele nunca andou armado", garantiram as duas. "Acho que fez uma grande burrice na vida dele. Isso não vale a pena, nem por ela, nem por ninguém. Isso é loucura", desabafou Francimar. Segundo ela, Alves é funcionário da área de produção de uma indústria. "Meu irmão não é bandido. Ele é trabalhador", afirmou. Alves é o caçula de quatro irmãos e nunca teria dado problemas à família. Francimar afirmou que o irmão entrou em depressão com o final do namoro. "Ele não aceitou o fim", justificou. João, um dos adolescentes que viraram reféns, concorda. Ele foi o primeiro a ser liberado, após quase oito horas de seqüestro, e relatou a fixação do invasor na jovem. O estudante contou que, além de armado, Alves estava cheio de munição no bolso. Como ele entrou? A porta do apartamento estava aberta, mas acho que ele não contava que estaríamos todos lá. Ele agrediu alguém? Deu uma coronhada na minha cabeça e outra na cabeça do meu amigo. Depois, agrediu minha amiga, a ex-namorada dele. Por que ele agrediu a ex-namorada? Porque ele pegou o celular dela e viu uma mensagem de texto de outro menino. Até a xingou de vagabunda. Falou: "Faz um mês que a gente largou e você já está com outro." Você sabe por qual motivo eles terminaram o relacionamento? Não sei, mas foi ele, não ela, quem terminou. Mas sempre foi assim: ele terminava, depois pedia para voltar e ela voltava. Só que desta vez ela não quis voltar. Alves estava armado? Ele estava com um revólver e 20 a 30 balas no bolso. Ele também disse que estava com uma pistola na cintura, mas eu não vi. Ele foi o tempo todo violento? Não. No começo estava bonzinho, deu até comida para gente. Depois é que ele começou a ficar nervoso. Como Alves resolveu liberar você e seu amigo? Desde o começo ele queria deixar a gente ir, falava que o negócio dele era com a ex-namorada. Mas a gente ficava dizendo que só sairíamos de lá juntos. Só que eu comecei a passar meio mal. Daí ele liberou meu amigo e eu. Ele não liberou a nossa outra amiga porque ela é a melhor amiga da ex-namorada dele. E essa amiga disse que preferia ficar.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.