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Em 96, ruptura de cabo acionou freio

Mas especialistas afirmaram que também houve erro da tripulação

Por Bruno Paes Manso
Atualização:

Uma seqüência de falhas operacionais e nos equipamentos foi a responsável pelo acidente com o Fokker 100 da TAM que caiu no dia 31 de outubro de 96, segundos depois de decolar do Aeroporto de Congonhas, causando a morte de 99 pessoas. O reverso, usado para desacelerar o avião, abriu na decolagem depois do rompimento de um cabo que aciona o equipamento. A abertura do reverso acabou desgovernando o avião. Depois que o reverso abriu, a tripulação não conseguiu enxergar o defeito na aeronave porque um relé queimado impediu que aparecesse o aviso da falha no painel. Da cabine, os pilotos também não conseguiam visualizar o problema. Para estabilizar o avião em situações de urgência, existe no Fokker 100 um mecanismo automático de aceleração, chamado auto-throttle, que também falhou. Apesar dos problemas mecânicos, falhas humanas também foram determinantes. Os pilotos, que não haviam sido treinados para lidar com a abertura do reverso em baixa velocidade, fizeram procedimentos ''''não recomendáveis'''' para tentar fazer o Fokker subir. O treinamento não aconteceu porque a Northrop Grumman, fabricante do reverso, informara a TAM de que não havia risco de o reverso abrir em baixa velocidade. O Fokker caiu quando estava a 129 pés. Um tripulante, não identificado nos relatórios da Aeronáutica que apontaram as causas do acidente, forçou o manete (controle manual de aceleração) por três vezes e, em uma das ocasiões, chegou a colocar um peso equivalente a 50 quilos sobre o equipamento. Conforme disseram peritos à época, a tripulação do Fokker 100 não deve tomar atitude em caso de anormalidade abaixo de 400 pés, porque os dispositivos automáticos corrigem a falha. Especialistas disseram que o acidente teria sido evitado caso os pilotos não tivessem tentado reverter a situação. Depois de idas e vindas na Justiça, em 2001, cinco anos depois do acidente, uma ação ganha no Judiciário americano estipulou que a TAM, a Fokker, Northrop Grumman e a Teleflex, que produziu o cabo de segurança da peça, pagassem valores de US$ 150 mil até US$ 1 milhão a cada uma das famílias das vítimas. No mesmo ano, o inquérito policial foi arquivado porque a apuração não apontou indícios que justificasse denúncias por homicídio culposo (não-intencional).

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