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Em meio ao pó, família reabre a loja vazia em Barra Longa (MG)

Comerciante Geraldo Magela Carneiro afirma que seu prejuízo chega a R$ 100 mil desde que lama passou pela cidade

Por Bruno Ribeiro e Márcio Fernandes
Atualização:
Problema. Magela perdeu toda a mercadoria que mantinha em seu comércio e diz que, até agora, não foi indenizado Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO

Do armarinho, ficaram tecidos cobertos por uma capa plástica, troféus, brinquedos e outros itens populares. A loja abre por “teimosia”, na esperança de que algum cliente passe pela porta de ferro e procure algo para comprar no salão de luzes apagadas. Há um ano, o comerciante Geraldo Magela Carneiro, de 51 anos, espera o dia em que voltará a trabalhar normalmente. “Já tomei prejuízo de R$ 100 mil”, conta. 

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A família dele é toda de comerciantes: sua irmã tem uma doceria e seu irmão, uma sapataria. Todas nos melhores pontos da cidade, entre a igreja de Barra Longa e a Praça Manoel Lino Mol, centro da destruição da cidade. Todos tiveram prejuízo com a lama. E nenhum recebeu indenização pelo estoque perdido nem pelo tempo parado.

Os comércios já reabriram. Os prédios atingidos pela lama estão reformados. “Eles refizeram o prédio, pintaram. Mas, no meu caso, estou assim, com a loja sem mobília”, conta Carneiro. Dono também de uma loja de móveis na cidade, ele praticamente abandonou o armarinho. Uma outra irmã, funcionária pública que trabalha em uma escola de Barra Longa, abre o comércio pela manhã, vai trabalhar e deixa os demais parentes, cujas lojas ficam uma de frente para a outra, cuidando do lugar, para ver se alguém entra. “Não entram”, lamenta Carneiro.

Sem clientes. “Além do prejuízo, tem a clientela. Se você fica um ano sem abrir a loja, tem de reconquistar todo mundo de novo depois”, explica o comerciante.

O grande problema é a mobília. Não há estantes nem vitrines. “A Samarco chegou a mandar umas estantes para cá. Mas faltavam peças, não dava para montar o que chegou. Vieram com defeito. E eram de uma qualidade muito inferior àquela que eu tinha. Não vou montar o que tem. Quero receber aquilo que eu perdi”, bate o pé o comerciante. “Mandaram dois balcões e duas vitrines, mas nem tive como montar”, reclama.

A mobília doada pela empresa fica amontoada com itens à venda do comércio. O espaço também serve agora provisoriamente para guardar estoque dos vizinhos.

Quando a lama chegou ali, há um ano, atingiu tecidos, que foram perdidos. Agora, o material que sobrou acumula uma fina camada de pó, mesmo sob a proteção da lona plástica. “Como uma pessoa vai entrar aqui e comprar isso? Não tem nem como mostrar”, argumenta.

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A mineradora Samarco disse, por meio de nota, que “há um esforço da empresa para a reposição dos móveis nas mesmas características e qualidade daqueles que existiam antes”. 

“No entanto”, segue a nota, “alguns produtos saíram de linha, o que impossibilita a aquisição do mesmo material no mercado”. A mineradora afirma ainda que, “no caso em que os móveis entregues não atenderam às expectativas do morador, foi feita a troca dos mesmos”. A nota conclui sem dar prazo para a solução do caso de Carneiro, que segue com a loja parada.

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