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Empresa desiste de cobrar pagamento

Por João Domingos
Atualização:

A direção do Ibama acionou toda sua estrutura jurídica para uma batalha nos tribunais, já esperando uma ação de cobrança por parte da empresa Rio Sagrado, fabricante do pó químico Licet. Mas isso não será necessário. Hélio Maurício, diretor da Rio Sagrado, disse ao Estado que desistiu de continuar a fazer a cobrança pela venda das 53 toneladas do pó químico Licet A e Licet F. "Essa venda só nos trouxe problemas. Tivemos até de desfazer a sociedade que tínhamos por conta da operação desastrada. Por isso, vou fazer uma doação ao Ibama e não vou recorrer à Justiça. Quero continuar a fazer negócios com o governo e não vou de forma nenhuma sujar meu nome", disse Maurício. Ele admitiu que a cobrança teria seus complicadores, como advertiu Edmundo Filho, ao lembrar que nem nota de empenho para a compra houve. "Não vou cobrar por nada, porque houve um erro. Nosso departamento de vendas não se lembrou nem mesmo de pedir nota de empenho", justificou. Sem o empenho nenhuma venda de produto pode ser feita à administração pública federal. De acordo com Hélio Maurício, na época a direção do Ibama pediu que o pó químico fosse entregue com a máxima urgência, porque tanto o sul do Maranhão como a Chapada Diamantina estavam pegando fogo. "Com a pressa, erramos muito. Temos de admitir isso. Então, a decisão foi a de fazer a doação de todo o material ao Ibama. Ninguém precisa se preocupar em pagar nada", acrescentou Hélio Maurício. Riscos. Com a decisão tomada pela direção da empresa, o Ibama pode passar a se preocupar com outras questões relativas à utilização do pó químico. Como, por exemplo, o risco de aparecer algum funcionário com sequelas provocadas pelo produto - que nunca recebeu o registro do próprio instituto, não se sabendo se é seguro ou não. Quanto ao que houve com o produto, é tudo mistério. De acordo com o inquérito administrativo aberto pelo Ibama, a Diretoria de Proteção Ambiental teria pedido à Aeronáutica o transporte de 88 brigadistas e equipamentos de Brasília para Imperatriz e o eventual emprego de uma aeronave Hércules C-130 para combater os incêndios florestais que ocorriam no sul do Maranhão. Como o primeiro lote seria de 43 toneladas, o Ibama teria solicitado mais 30 toneladas. Mas nessa parte as informações são contraditórias. Na sindicância fala-se em 10 toneladas. O certo é que não se sabe mais desse material nem quanto dele pode ter sido utilizado num outro incêndio, desta vez na Chapada Diamantina, na Bahia. Ou mesmo se chegou a ser levado para lá.

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