Encontro nos EUA vai debater censura à mídia

Reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa terá como eixo tentativa de controlar os meios de comunicação por meio de decisões da Justiça

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Por Gabriel Manzano
Atualização:

A censura judicial, um dos maiores desafios à liberdade de imprensa no Brasil - e da qual a censura ao Estado é um dos exemplos mais expressivos -, constitui o eixo do relatório do Brasil a ser apresentado na Reunião de Meio de Ano da Sociedad Interamericana de Prensa (SIP), que começa hoje em San Diego, na Califórnia, EUA. Os relatórios dos países participantes serão lidos e votados até sábado, quando termina a reunião.O encontro terá abertura solene, às 12h30, com palestra do ex-presidente do México, Vicente Fox, no auditório do San Diego Marriot e Marina. Seu discurso é bastante aguardado, visto que a imprensa mexicana tem sofrido baixas e ameaças constantes, oriundas dos grupos de narcotraficantes. Como pano de fundo dos debates estarão os estudos que apontam o crescimento, no continente, da censura e da autocensura. O relatório do Brasil será apresentado por Paulo de Tarso Nogueira, representando o Estado.Pela primeira vez, a SIP fará uma reunião em conjunto com a American Society of News Editors (Asne). As entidades esperam cerca de 500 editores, diretores e jornalistas dos três continentes. A organização prevê reuniões paralelas e algumas conjuntas, na sexta-feira. Na apresentação inicial da SIP, seu presidente, Gonzalo Marroquín, da Guatemala, deverá abordar o que considera os dois grandes inimigos da liberdade de informação nas Américas: "Primeiro, o crime organizado e o narcotráfico. Segundo, governos intolerantes e autoritários". Controle do poder. Empossado em novembro passado, Marroquín acusa os dois adversários de "querer controlar a informação, sabendo que quem controla a informação controla o poder". O impacto da internet e das redes sociais tomará boa parte dos painéis - o que fica claro na primeira palestra de hoje, cujo tema é "A internet vai salvar ou acabar com os jornais?". O palestrante será Mark Willes, do Deseret News, de Salt Lake City. Depois dele, virão temas como "2011: A Odisseia dos Jornais", que abordará o impacto do Facebook e das redes sociais. Outro dos temas será "Um Olhar para o Futuro", por Craig Moon. A Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, que tem como presidente o americano Robert Rivard, instala amanhã os subcomitês para leitura e debate dos relatórios nacionais sobre o tema. Às 11h15 começa um dos painéis mais importantes: "Como proteger jornalistas e garantir o acesso e o futuro das notícias". O apresentador será Tom Curley, da Associated Press, e seu relatório é sombrio: ele contará as seguidas recusas e pressões, nos EUA, de autoridades interessadas em impedir a divulgação de informações. Curley contará o que é o News Licensing Group, iniciativa para buscar fontes de receita e proteger repórteres que arriscam a vida no trabalho.

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