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Entidades lamentam morte e cobram elucidação do crime

Abraji destaca que se trata do 'primeiro caso fatal envolvendo jornalistas atacados durante os protestos de rua'; Associação Comercial do Rio de Janeiro diz que crime é 'injustificável'

Por Luciano Bottini Filho e Sérgio Torres
Atualização:

Atualizada às 22h30

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RIO - A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) lamentou, em nota oficial, a morte cerebral do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, confirmada nesta segunda-feira. No documento, a entidade informa que "se solidariza com familiares, amigos e colegas do profissional" e cobra a elucidação do crime.

"Santiago foi ferido na cabeça por um rojão na noite de quinta-feira. Ele cobria uma manifestação, na região central do Rio de Janeiro, contra aumento das passagens de ônibus. A investigação da polícia aponta manifestantes como os responsáveis pela compra e disparo do rojão", diz a nota da Abraji.

A entidade relata que a morte do cinegrafista "é o primeiro caso fatal envolvendo jornalistas atacados durante os protestos de rua, mas os incidentes têm se multiplicado".

"Desde junho de 2013, a Abraji alerta para a escalada de violência e violações contra profissionais da imprensa. Desde que esta onda de protestos começou até o anúncio da morte de Santiago Ilídio Andrade, houve 117 casos de agressão, hostilidade - tanto por manifestantes quanto por policiais - ou detenção de jornalistas. A violência sistemática contra profissionais da imprensa constitui atentado à liberdade de expressão. É preciso que o Estado (Executivo e Judiciário) identifique, julgue e puna os responsáveis pelos ataques", defende a entidade.

'Barbárie'. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) afirmou, em nota, que "repudia veementemente mais este ato de barbárie contra um jornalista no exercício de seu trabalho". O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro lamentou a morte cerebral do repórter cinematográfico.

Em comunicado à imprensa, o sindicato disse que a morte "provoca indignação em todos nós, jornalistas que lutamos pela segurança dos que trabalham nas ruas e, sobretudo, contra a violência nas manifestações. Exigimos uma apuração rigorosa por parte do Estado em busca dos culpados pela morte do nosso colega e também a adoção de regras claras de segurança do trabalho nas empresas jornalísticas."

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'Assassinos'.  A Associação Profissional dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio (Arfoc-Rio) exigiu que as autoridades de segurança do Estado instaurem uma investigação criminal para "apurar quem defende, financia e presta assessoria jurídica a esse grupo de criminosos hoje assassinos, intitulados Black Blocs", afirmou a nota de pesar.

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) pediu que os responsáveis sejam punidos "exemplarmente". "É necessário que o Estado adote políticas e procedimentos que garantam a segurança dos profissionais de comunicação e também dos manifestantes", disse o presidente da Associação, Daniel Slaviero.

'Injustificável'. Em nota recém-divulgada, a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), "profundamente consternada", define como "injustificável, inaceitável e incompreensível o falecimento do cinegrafista da Rede Bandeirantes, Santiago Andrade".

A entidade acrescenta no documento oficial que "protesta, com todos os meios possíveis, contra a onda de violência gratuita que, aproveitando-se das manifestações democráticas, as transformaram em palco de comportamento reprovável".

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"Não bastaram os prejuízos causados aos bens públicos e privados, agora agem de maneira brutal contra a vida de um trabalhador", diz a ACRJ, para quem "a liberdade é um bem inatacável".

"A ACRJ não abre mão da luta no sentido da manifestação livre e pacífica de interesses e manifesta sua mais profunda solidariedade à Rede Bandeirantes, à imprensa livre de todo o País, assim como, à família do profissional, que acaba se transformando no mártir pela liberdade", conclui a nota.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) conclamou a sociedade para um "amplo debate em torno do relevante papel da imprensa no Estado Democrático de Direito e para a imperiosa necessidade de regulamentação de leis que ampliem e reforcem a segurança da imprensa".

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O  arcebispo do Rio e indicado ao posto de cardeal pelo papa Francisco, D. Orani Tempesta disse que, além de nos colocar mais protegidos diante das manifestações, temos que "levar o País a ter manifestações mais pacíficas, que possamos conversar."

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