Escola de samba do Rio precisa de mulher sem silicone

Mocidade, no Rio, procura 20, mas só achou 16; desfile fará homenagem a Monique Evans, que em 1985 desfilou com seios naturais de fora

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Por Fábio Grellet/ Rio
Atualização:

Desfilar na Sapucaí como destaque de carro alegórico não custa menos de R$ 5 mil, mas a Mocidade Independente de Padre Miguel oferece essa chance de graça a 20 mulheres que estão sendo selecionadas desde novembro. Elas vão desfilar no carro abre-alas com os seios à mostra, mas devem atender a uma exigência: não ter prótese de silicone. Até agora, a escola encontrou só 16. "Essas mulheres vão participar de uma homenagem a Monique Evans, que em 1985 desfilou com os seios à mostra e não tinha silicone. Por isso elas também não podem ter implante", justifica o carnavalesco Paulo Menezes. A Mocidade fará uma homenagem dupla: ao carnavalesco Fernando Pinto, que morreu em 1987, em um acidente automobilístico no Rio, e ao Estado natal dele, Pernambuco. Pinto trabalhou na escola de Padre Miguel, na zona oeste do Rio, durante seis carnavais da década de 1980, e se sagrou campeão em 1985 (com o enredo Ziriguidum 2001, um Carnaval nas Estrelas) e vice em 1980, 1984 e 1987. A proposta da Mocidade é mostrar Pernambuco sob a ótica de Fernando Pinto - o nome do enredo, Pernambucópolis, é uma adaptação do enredo de 1987, Tupinicópolis. Monique, homenageada no carro abre-alas, conta em seu site as circunstâncias em que desfilou seminua pela Mocidade em 1985. Segundo ela, minutos antes do início do desfile seu biquíni de strass arrebentou e ela decidiu desfilar com os seios cobertos apenas por uma pintura. Hoje Monique usa silicone. Em 2008, recorreu a próteses para recompor o tecido mamário, afetado por um melanoma. Mas, como a homenagem se refere a 1985, a mudança não interferiu na exigência feita pelo carnavalesco. Uma das 20 estrelas do carro abre-alas será Jéssica dos Santos, de 18 anos e "cerca de" 91 cm de busto. "Nunca tinha ido a uma quadra, e semanas atrás fui à Mocidade para acompanhar um ensaio, porque torço pela escola. Aí um diretor me abordou e me fez a proposta de desfilar no carro abre-alas. Claro que eu me empolguei", conta a moça, que cursa o terceiro ano do ensino médio e trabalha como atendente. Ao saber da exigência de desfilar com os seios à mostra, ela se surpreendeu, mas manteve o interesse. Ela nunca pensou em recorrer a próteses de silicone. "Acho que estou em forma."Outras buscas. Assim como a Mocidade, outras escolas também procuram foliões com perfis específicos, adequados aos seus enredos. A Unidos do Viradouro, que desfila no grupo de acesso, procura 40 bailarinas para uma homenagem a Márcia Haydée, e 120 homens com mais de 1,70 m de altura para compor duas alas cujas fantasias não seriam adequadas a pessoas de estatura menor. Todos ganharão as fantasias.

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