Especialistas dizem que cinto não provocou morte de garoto

João Hélio ficou preso ao cinto de segurança depois que a mãe teve o carro roubado; ele foi arrastado por sete quilômetros durante a fuga dos bandidos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Especialistas em segurança no trânsito fizeram questão de frisar que o cinto de segurança não provocou a morte do menino João Helio Fernandes, de seis anos, na noite de quarta-feira, no Rio. "Não podemos misturar as coisas: criminalidade e segurança de trânsito são duas coisas diferentes", disse o coordenador de educação do Departamento de Trânsito do Rio (Detran), Gilberto Cytryn. "O cinto foi projetado para garantir a segurança no carro em movimento, inclusive no banco de trás", afirmou. O menino estava no banco de trás do carro da mãe, Rosa Cristina Fernandes, de 41 anos, na zona norte do Rio, quando bandidos roubaram o veículo. A mãe abriu a porta traseira para tirar o garoto, mas João Hélio ficou preso pelo cinto, do lado de fora do carro. Os criminosos arrancaram, a porta do veículo fechou e o menino foi levado pendurado pelo abdome. Eles percorreram quatro bairros - Oswaldo Cruz, Campinho, Cascadura e Madureira, cerca de sete quilômetros. O site da Safe Kids (Criança Segura) publicou uma estatística que aponta uma redução de 71% nas mortes de crianças em acidentes de trãnsito quando estão presas pelo cinto de segurança ou na cadeirinha apropriada para a idade. De acordo com o artigo 65 do Código de Trânsito brasileiro, todos os passageiros do veículo têm que estar com o cinto de segurança. A multa para quem infringir a lei é de 120 UFIR e perda de cinco pontos na carteira. Para o secretário-geral da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, Alberto Sabbag, o que aconteceu com João Helio "foi um crime que extrapola qualquer atitude compreensível, como fizeram os traficantes que queimaram pessoas vivas dentro do ônibus". " O cinto não foi o causador da atitude violenta. Na hora deve ter sido um salve-se quem puder. O menino poderia ter conseguido escapar ou levado um tiro. Ter ficado preso pelo cinto foi uma fatalidade", disse ele. O especialista aconselha que as mães, além de ensinar os filhos a colocar o cinto, também ensinem a tirar. "Na hora do nervosismo, essa mãe não conseguiu salvar o filho, e ele também deve ter se enrolado para sair". Em dezembro de 1996, um menino de quatro anos teve o braço decepado num assalto também por ter ficado preso ao cinto de segurança. O crime aconteceu no Cachambi, na zona norte do Rio. A criança teve o membro reimplantado e sobreviveu. Ele também estava acompanhado da mãe e de uma irmã no momento do assalto. Esta matéria foi alterada às 11h49 do dia 9 de fevereiro.

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