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Estilo de vida pode fazer despesa crescer

Foto do author Fabiana Cambricoli
Por Fabiana Cambricoli
Atualização:

Embora os preços das mensalidades dos planos de saúde sejam definidos hoje basicamente pela faixa etária, os diferentes estilos de vida dos beneficiários de idades próximas poderiam colocá-los em grupos totalmente diferentes. A aposentada Ondina Ramos Bollonhi, de 77 anos, é sedentária, come massas e doces com frequência, adora uma cerveja, tem pressão alta e não toma remédio para controlá-la. Na mesma faixa etária, a dona de casa Rosa Valério, de 70 anos, faz exercícios físicos quatro vezes por semana, vai ao médico periodicamente, não tem doenças crônicas e prioriza no cardápio verduras, legumes e massas integrais.

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“Diversos estudos já mostraram que pessoas que têm no estilo de vida fatores de risco para doenças gastam, em média, 16% a mais com saúde do que a população em geral”, diz Raquel Lisbôa, gerente-geral de regulação assistencial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

A preocupação com a prevenção já faz parte da rotina de Rosa, e não é só pelo medo de desenvolver doenças. Ela tem um plano de saúde com coparticipação, ou seja, tem de pagar um porcentual de cada procedimento que realiza. A mensalidade é de cerca de R$ 500. Quanto mais ficar doente, mais gastos terá.

Impacto. Ondina tem 77 anos, bebe álcool e não faz exercícios: plano custa R$ 1.100 Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

“Optei por esse modelo porque a mensalidade é um pouco mais baixa. Acredito que, me cuidando agora, tenho menos chance de ter complicações e vou usar menos o plano, o que vai sair mais barato”, diz ela, que faz dança e tai chi chuan e emagreceu dez quilos.

Para a ANS, a coparticipação pode levar o beneficiário ao uso mais consciente do serviço. “Estamos estudando a efetividade dos fatores moderadores como a coparticipação na diminuição do uso indevido do plano, mas sem impedir a utilização adequada”, explica Raquel.

Ondina não precisa pagar coparticipação em seu plano, mas a mensalidade chega a R$ 1.100. “Sei que o valor é muito alto, nem conseguiria pagar sozinha, mas eu não gosto de ir ao médico. Sempre fui assim, é difícil ter essa disciplina”, diz ela, que conta com a ajuda de um familiar para arcar com a despesa do convênio médico.

Reajustes. Apesar de hábitos diferentes, as idosas se preocupam com os periódicos reajustes das mensalidades. “Neste ano, meu plano já teve três aumentos, fora a alta na conta da luz, do condomínio. Felizmente, eu e meu marido temos condições de pagar, mas, como aposentados, fica difícil guardar alguma economia pensando num reajuste maior ainda”, diz Rosa.

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Ondina, por outro lado, já pensa na possibilidade de ir para a rede pública. “A gente ganha pouco. Se eu fosse pagar o plano sozinha, minha aposentadoria inteira ia apenas nisso. Se subir demais, vou ter de ir para o SUS.”

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