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Estrangeiras são agredidas na cadeia

Por Josmar Jozino e Camilla Haddad
Atualização:

Presas supostamente ligadas à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) são acusadas de agredir detentas estrangeiras na Penitenciária Feminina da Capital, no Carandiru, zona norte de São Paulo. Cansadas de apanhar, as "gringas" realizaram um protesto há uma semana, exigindo punição às agressoras. Dois consulados - um deles, o da África do Sul - confirmaram os espancamentos. Funcionários da unidade temem uma rebelião com mortes. O caso mais grave de agressão envolveu uma sul-africana. T.D.S. teve o braço quebrado. De acordo com funcionários, a presa ainda foi violentada com pedaços de pau nos órgãos genitais. Agentes penitenciários contaram que a estrangeira escondeu os ferimentos e só foi levada para ser submetida a exame de corpo de delito quatro dias depois. Outra presa estrangeira também apanhou muito em 4 de setembro. De acordo com as denúncias, as agressoras foram identificadas, mas não receberam nenhuma punição. Por conta disso, as 340 estrangeiras fizeram um ato no dia 7. Elas pararam no portão divisório e se recusaram a trabalhar na cozinha e nas oficinas da prisão. Exigiram a presença da diretora-geral e a punição das brasileiras. Agentes penitenciários afirmaram ainda que "as gringas" vêm sofrendo hostilidades porque não cumprem as ordens das brasileiras. "Elas não obedecem a quem é ligado ao PCC e apanham porque não querem esconder os celulares das brasileiras nas celas nem trazer facas da cozinha para as detentas do crime organizado", argumentou um agente. Funcionários acrescentaram ainda que o temor na unidade é de uma possível rebelião. "Se isso acontecer, vai morrer muita estrangeira. Nunca aconteceu isso no sistema. As estrangeiras sempre foram bem tratadas pelas brasileiras. São pelo menos 13 as agressoras. Duas estão no Pavilhão 1, seis no Pavilhão 2, uma no pavilhão 3 e quatro no Pavilhão 4. Mas nenhuma foi punida até agora", argumentou um agente. Até as 20 horas, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) não havia se manifestado sobre a denúncia. SUPERLOTAÇÃO Uma solução, apontada pelas presas, seria criar uma cadeia só para estrangeiras - a exemplo do que ocorre com os homens. Isso ainda aliviaria a superlotação. Na Penitenciária de Sant?Ana, antigo presídio masculino, adaptado para mulheres em dezembro de 2005, 2.700 detentas ocupam 2.400 vagas. Em algumas celas individuais do Pavilhão 3 convivem, espremidas, três mulheres. No Estado de São Paulo, o número de presidiárias dobrou nos últimos seis anos. Em 2001, havia 5.172; em dezembro de 2007, já eram 10.381.

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