´Eu não merecia isso´, diz viúva de milionário da Mega Sena

Ela fez o comentário ao dono do restaurante que lhe entregou uma ´quentinha´, antes de ser interrogada pela juíza Renata Gil no Fórum de Rio Bonito nesta terça

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Por Agencia Estado
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Adriana Almeida, de 26 anos, viúva de René Senna, ganhador da Mega Sena assassinado em janeiro, chorou enquanto aguardava por ser interrogada nesta terça-feira, 3, pela juíza Renata Gil, no Fórum de Rio Bonito. "Eu não merecia isso", disse ela ao dono do restaurante self-suco, Gerson Alves da Silva, que entregou-lhe em mãos uma "quentinha" paga pela Prefeitura de Rio Bonito. Ela é considerada a mandante do crime. A refeição, com direito a salada, frango grelhado e arroz, custou R$ 5,50 e ela ainda bebeu um refrigerante. "Ao me reconhecer, ela se emocionou. Adriana fazia bolos para o restaurante e freqüentava muito o local", contou ele. A rua em que fica o Fórum foi interditada desde cedo. Policiais Civis e Militares, além da Guarda Municipal, reforçam a segurança no local. Por volta das 15h45, Adriana, que é suspeita de ser a mandante do crime, está em área inacessível para a imprensa dentro do Fórum e, segundo advogados, deveria estar prestando depoimento no momento. Além de Adriana, os suspeitos que serão ouvidos nesta terça são: Vanderson Souza, Janaína Oliveira, Ednei Gonçalves, Ronaldo Amaral e Marco Antônio Vicente. A juíza havia decretado a prisão preventiva dos suspeitos de cometer o crime porque, segundo ela, existem testemunhas no inquérito que declaram se sentir ameaçadas por alguns dos réus. A decisão foi tomada no dia 29 de março, depois da denúncia do Ministério Público ter sido aceita pela polícia. Cronologia do caso Julho de 2005: René Senna, ex-lavrador e ex-açougueiro de Rio Bonito, ganha sozinho o prêmio de R$ 52 milhões da Mega Sena Janeiro de 2006: René, então com 53 anos, se casa com a cabeleireira Adriana Almeida, de 28 anos Janeiro de 2007: Adriana paga R$ 300 mil por uma cobertura no Arraial do Cabo (RJ). No documento de compra e venda, diz não ser casada nem ter relacionamento estável 4 de janeiro: O casal briga, e Adriana deixa a fazenda de R$ 9 milhões onde morava com o marido 7 de janeiro: René Senna é morto com quatro tiros de pistola à queima-roupa no Bar do Penco 12 de janeiro: Acusada pela única filha de René, Renata, de ser a mandante do crime, Adriana depõe na delegacia de Rio Bonito. A polícia pede quebra do sigilo bancário e telefônico da ex-cabeleireira 27 de janeiro: O motorista de van Robson de Oliveira, de 27 anos, diz em depoimento de seis horas que ele e a viúva se conhecem há três anos, já namoraram, reataram em setembro e passaram o réveillon juntos em Arraial do Cabo 29 de janeiro: Adriana admite que mentiu e pede pra refazer declarações à polícia 30 de janeiro: Adriana é presa sob acusação de envolvimento no crime 1º de fevereiro: Dois policiais militares que trabalharam como seguranças de René Senna foram presos, sob suspeita de participação no crime 2 de fevereiro: O ex-policial militar Anderson Silva de Souza, que atuou como segurança do milionário, se entrega para a polícia, é preso e considerado suspeito 5 de fevereiro: Prisão da professora de educação física Janaína da Silva Oliveira, mulher do ex-policial militar Anderson Silva de Souza - apontado como possível executor do assassinato - e amiga da viúva de Senna, Adriana Almeida. 6 de fevereiro: O último suspeito, o motorista Edney Gonçalves Pereira, se entrega à polícia e nega participação no crime. 8 de fevereiro: Depoimento de Creuza Ferreira Almeida, mãe de Adriana, reforça indícios de que ela tenha ligações com a morte de Renné e do PM Davi Vilhena. Creuza declarou que o ex-PM Anderson da Silva Souza, acusado de ser o autor do crime, tinha ciúmes de Vilhena com o patrão. 14 de fevereiro: Justiça nega pedido de habeas-corpus de Adriana. Decisão levou em consideração conversas telefônicas que indicaram que ela tentou atrapalhar as investigações sobre o caso. 26 de fevereiro: Polícia do Rio faz a reconstituição do crime, no dia 7 de janeiro, na cidade de Rio Bonito. 27 de fevereiro: Juíza prorroga por 30 dias a prisão dos seis envolvidos no caso. 21 de março: Calisto Fernandes dos Santos Filho, de 66 anos, tio de Renné Senna, é encontrado morto na carceragem da Polinter, no Rio. Preso por estupro, ele estaria alojado na mesma cela de Anderson Silva de Sousa, ex-PM e ex-segurança de Renné, um dos suspeitos de ter participado do assassinato do milionário. O delegado responsável pelo caso informa que a Delegacia de Homicídios não vai investigar a morte pois não há indícios de que a morte tenha ligação com o assassinato de Renné. 26 de março: A polícia conclui o inquérito que investiga a morte e acusa Adriana como mandante do crime. 3 de abril: Após a conclusão do inquérito, a juíza Renata Gil da Segunda Vara de Rio Bonito, ouve os seis acusados pela morte de Renné Senna.

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