Ex-deputado do Paraná diz não lembrar de acidente, mas confirma ter bebido

Colisão matou dois; carro de Luiz Fernando Ribas Carli Filho estava entre 161 km/h e 173 km/h

PUBLICIDADE

Por Evandro Fadel
Atualização:

CURITIBA - O ex-deputado estadual do Paraná Luiz Fernando Ribas Carli Filho, de 27 anos, declarou nesta segunda-feira, 10, em audiência com o juiz Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, não se lembrar do que aconteceu na madrugada de 7 de maio do ano passado, quando se envolveu em um acidente que resultou na morte de Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20 anos. Carli Filho confessou apenas ter tomado vinho. De acordo com laudo do Instituto de Criminalística, ele desenvolvia velocidade entre 161 km/h e 173 km/h. Também estava com a carteira suspensa, com mais de 130 pontos.

 

PUBLICIDADE

O ex-deputado, que renunciou logo após o acidente, chegou praticamente incógnito, acompanhado pelo advogado, entrando por uma porta lateral. Mas, na saída do prédio do Tribunal do Júri, foi bastante hostilizado por um pequeno grupo de manifestantes. Aos gritos de "justiça" e "assassino", ele saiu escoltado por policiais militares e entrou rapidamente em um carro que acabou chutado. Ele está denunciado pelo Ministério Público por duplo homicídio qualificado.

 

De acordo com o advogado de defesa, Roberto Brzezinski Neto, o ex-deputado disse que, "em vista da proporção desse acidente, e os médicos já disseram isso, ele não se lembrava do que aconteceu". "Ele admitiu, como todas as pessoas em uma refeição, que consumiu bebida alcoólica", afirmou o advogado.

 

O exame de dosagem alcoólica foi descartado pelo juiz, por não ter havido consentimento, mas o Ministério Público recorreu. Brzezinski Neto disse que a defesa pretende apresentar "oportunamente" novos laudos sobre a velocidade. Ele adiantou que uma das teses a serem defendidas é que a preferência na via era de Carli Filho. "Isso ter que começar a esclarecer", acentuou.

 

Para o advogado da família Yared, Elias Mattar Assad, a tese de via preferencial foi levantada apenas porque à defesa "falta melhor argumentação". "Tudo leva a crer que o processo caminha em marcha inexorável ao júri popular", afirmou. O advogado da família Almeida, Juarez Küster, ressaltou que duas testemunhas são "absolutas, foram visuais". Uma estaria em um veículo que vinha logo atrás e outra estaria em uma casa.

 

Para ele, a confissão feita pelo ex-deputado de que bebeu vinho e "não lembra nada dali para diante" é "prova suficiente" para comprovar a embriaguez, substituindo o laudo retirado do processo pelo juiz.

 

Carli Filho sustentou também que o carro era usado por vários assessores e ele nunca foi notificado para fazer a devolução da carteira de habilitação. O juiz pretende ouvir ainda duas testemunhas de defesa por carta precatória e concederá os cinco dias protocolares para que acusação, assistência de acusação e defesa se pronunciem por escrito, antes de decidir se remete o caso para júri popular ou se ele será analisado por juiz singular.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.