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Falta de investimento comprometeu mão de obra do setor

'Não há preocupação com os riscos e não há pessoas mais experientes para alertar os profissionais sobre eles'

Por Marcelo Rozenberg
Atualização:

Passamos muitos anos sem investimento em grandes projetos de engenharia no Brasil. Isso acabou por desmantelar as equipes de engenharia do País, uma vez que a formação do engenheiro é feita durante a vivência das obras. Começa nos estágios, durante os cinco anos de formação técnica, e se prorroga durante a vida. Sem uma quantidade suficiente de grandes obras no passado, o número de profissionais experientes se mostrou pequeno para guiar os novos engenheiros de hoje, que vivenciam um cenário de mais investimentos.

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Não estou falando, é claro, deste caso de Minas Gerais, cujos detalhes ainda não são conhecidos, mas de uma maneira geral. É comum termos notícia de profissionais que não estão cientes da dificuldade dos desafios que envolvem a execução de grandes projetos. Não há preocupação com os riscos e não há pessoas mais experientes para alertar os profissionais sobre eles. O resultado é uma série de acidentes. Alguns deles são de magnitude suficiente para virar destaque no noticiário, mas muitos não são. 

Essa deficiência na equipe é o pano de fundo para outro problema, também relevante, que é a falta de uma cultura nacional de análise dos erros cometidos. Falta uma cultura de rigor. No exterior, quando há um acidente, eles aprendem. As causas são divulgadas com total transparência e se aprende com a análise técnica. Na nossa cultura superficial, não se tira proveito disso. As causas não são detalhadas, geralmente para não comprometer os culpados. 

Sempre que há acidentes, costuma-se atacar a legislação, propor novas leis. Nossa legislação é muito detalhada, temos normas técnicas claras. Não acredito que seja o caso. 

MESTRE EM ENGENHARIA, É VICE-PRESIDENTE DO INSTITUTO DE ENGENHARIA

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