Gilberto Carvalho responsabiliza imprensa pelo mau humor com a Copa

Em entrevista a blogueiros, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência afirmou que imprensa tradicional sonega informações e que há 'envenenamento mais ou menos generalizado'

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Por Tania Monteiro
Atualização:

 

BRASÍLIA - O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, responsabilizou a imprensa pelo "mau humor" do brasileiro em relação à realização da Copa. Ele justificou que há "sonegação de informação" por parte da imprensa tradicional, com uma "excessiva editorialização da opinião" e "falta da informação real", além de um processo de "envenenamento mais ou menos generalizado".

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Carvalho participou durante uma hora e meia, no Planalto, de conversa com blogueiros, quando se queixou de o governo não ter "veículos de comunicação" próprios, que façam o "contraponto". Depois, amenizou, explicando que "não se resolve a questão da democratização da informação criando veículos de chapa branca" e que "o melhor é a gente contar com veículos da sociedade autônomos, que possam fazer o que a gente chama de um tratamento democrático da informação, ou seja, que em todos os jornais, em todos os veículos haja espaço para as opiniões, as mais diversas e que a realidade seja transmitida da maneira mais objetiva possível para o cidadão".

Segundo Carvalho, "essa má vontade, essa nuvem cinzenta que se formou pelo País está fundada numa desinformação profunda". Para ele, são muito diferentes "o Brasil dos economistas da imprensa e o Brasil da realidade", assim como "o Brasil de muitas colunas políticas e o Brasil do dia a dia do povo". Em seguida "comemorou a sorte de ter conseguido ainda ter o apoio da maioria, apesar desse martelar diário em que tudo está perdido". E desabafou: "Muitas vezes quando eu leio os jornais eu tenho a impressão de que o Brasil não aguenta nem para depois de amanhã, quebra amanhã na economia, na política, é uma tragédia. Nós inventamos a corrupção, nós somos os que se apropriaram do Estado para dar cargos aos companheiros e ponto. E estamos nos locupletando tremendamente".

Contraponto. Para o ministro, para que a informação fosse "democratizada", "o Brasil precisaria ter alguma coisa que se tem em outros países, como é o El País, na Espanha, ou o El Jornada, no México, que são veículos que representam uma tentativa de fazer um contraponto e o que eu chamaria de um tratamento democrático da informação". Ele defendeu ainda a importância dos blogueiros ali presentes e citou o fato de as igrejas terem montado redes importantes de comunicação e cumprirem seu papel dentro da democracia. Mas, de acordo com o ministro, "não tem vozes que representam os setores populares, os setores sociais, a não ser pequenas iniciativas heroicas e importantes".

Na opinião de Gilberto, não é problema ter uma imprensa que critica o governo. "Isso é ótimo. É necessário", disse, reconhecendo que nesses 12 anos no Palácio muita coisa só chegou ao governo a partir de denúncia da imprensa e que é por isso, que a presidente Dilma fala que "prefere o grito da oposição da imprensa do que o silêncio, é por isso, porque somos democráticos e achamos que isso é importante". Depois de salientar que "não se discute liberdade de imprensa", Carvalho defendeu a necessidade de regulação da mídia, proposta abandonada por Dilma, mas que faz parte de todos os discursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Carvalho reconheceu que o governo falhou na sua comunicação sobre a Copa e em relação aos atrasos nas obras da Copa. Para ele, "parte das pessoas que se posicionaram contra a Copa o fizeram por falta de informação adequada do conjunto de oportunidades que a Copa traz ao Brasil. E sim tem uma falha na informação". Segundo ele, "o governo falhou nesse tempo todo na sua capacidade de comunicação porque nós não conseguimos superar esta barreira que foi interposta entre nós e a população para conseguir passar esse conjunto de informações". Mas, agora, afirmou, esse processo está sendo revertido. "O clima para a Copa está se revertendo muito rapidamente", comemorou.

JK. Ao falar sobre o atraso nas obras, Gilberto Carvalho disse que se fosse hoje o ex-presidente Juscelino Kubitschek não teria conseguido construir Brasília por cauda das legislações e restrições hoje em vigor. Carvalho afirmou ainda que o governo está atento aos apelos das ruas e muitos das políticas adotadas foram em função das queixas da população. "O Mais Médicos, por exemplo, foi resultado do aperto que recebemos das ruas", afirmou Carvalho aos blogueiros.

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