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Governador assume papel de cabo eleitoral de Dilma

Por Tiago Décimo e SALVADOR
Atualização:

BAHIAO governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), vai tentar traduzir seu sucesso eleitoral no Estado em mais votos para Dilma Rousseff. Ele viajou ontem à tarde para Brasília, onde se reuniu com a cúpula da campanha de Dilma para delinear estratégias para a Bahia. Levou a tiracolo os dois senadores que ajudou a eleger, Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB).Wagner disse confiar no poder de atração dos votos dados a Marina Silva (PV) na Bahia e na grande vantagem de Dilma no primeiro turno. A petista recebeu 62,62% dos votos válidos, ante 20,98% de José Serra (PSDB) e 15,74% de Marina. Sobre a candidata do PV, Wagner afirmou que o "projeto dela é muito mais próximo do defendido pela Dilma que do programa do PSDB."No início da tarde, o governador disse que o segundo turno na eleição presidencial atrapalhou seus planos de "férias". "Tinha programado uma semana para passar com a Fátima (Mendonça, a primeira-dama), mas agora vou me dedicar ao governo e trabalhar para a eleição da Dilma no segundo turno", afirmou, em entrevista à TV Bahia.Wagner saiu fortalecido das urnas. Teve 63,83% dos votos válidos, ante 16,09% do ex-governador Paulo Souto (DEM) e 15,59% do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB). Além da vitória dos candidatos ao Senado, o governador viu as bancadas do PT crescerem na Câmara dos Deputados e na Assembleia.Ex-ministro. A dúvida na Bahia quanto ao segundo turno se concentra no PMDB, que ainda não sabe que posição tomar - o DEM já anunciou que manterá o apoio ao tucano José Serra. Geddel não esconde se sentir traído pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por Dilma por causa do apoio explícito dado por eles a Wagner na campanha. Ontem Geddel afirmou ter uma posição pessoal sobre o assunto, que prefere não tornar pública - o líder do PMDB Michel Temer é o vice na chapa de Dilma. "Exatamente por isso (pelo fato de Temer integrar a chapa) vou a Brasília conversar com a liderança de meu partido sobre o tema", disse o ex-ministro, no fim da tarde, quando embarcava para o Distrito Federal. O PT firmou-se como o maior partido baiano nestas eleições. Tinha seis deputados federais e elegeu dez, superando o DEM - que tem dez e vai ter seis - como a legenda com mais representantes na Câmara. Na Assembleia, o PT terá a maior bancada, com 14 deputados (eram 10). Desbancou outra vez o DEM, que tinha 12 e passa a ter apenas 5 representantes - o partido foi superado também pelo PMDB e pelo PP, que elegeram seis deputados cada um.PELOS ESTADOSMATO GROSSO DO SULO governador reeleito de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), afirmou ontem que vai dar apoio ao candidato José Serra (PSDB), mas previu que ele vai perder a eleição para Dilma Rousseff (PT. "O Serra perde a eleição do segundo turno, mas mantenho o meu apoio". Ele evitou maiores comentários sobre a previsão, preferindo encerrar o assunto: "Sempre fui polêmico por dizer o que penso". Também não comentou a expressiva votação do tucano no seu Estado, onde ultrapassou a quantidade de votos obtidos pelo candidato ao governo do MS, Zeca do PT. São 551.296 (42,35%) contra 534.060 (42%) do petista, de um total de 1.392.464 votos no Estado.ESPÍRITO SANTOO governador eleito do Espírito Santo, Renato Casagrande, principal nome capixaba do PSB, um dos partidos da base governista, assegurou apoio incondicional a candidata petista Dilma Rousseff no segundo turno. Segundo ele, a eleição de Dilma trará mais vantagens para o estado, principalmente no que diz respeito a obras. "Com Dilma haverá continuidade de ações, ganharemos tempo porque obras importantes estão engatilhadas", afirmou. Mas a vida de Casagrande como cabo eleitoral não será fácil. Dilma conquistou 37,25% dos votos válidos no Estado, o que corresponde a 717.417 votos; Serra obteve 35,44%, o que equivale a 685.590 votos.PARÁA governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, candidata à reeleição, aposta no apoio do presidente Lula e da candidata a presidente Dilma Rousseff para vencer o segundo turno. Ela escapou de perder o governo para o tucano Simão Jatene por uma diferença de apenas 76 mil votos no primeiro turno. Jatene é aliado de José Serra, mas tenta fechar aliança com o PMDB de Jader Barbalho para derrotar Carepa. A governadora também vai procurar Barbalho e tentar restabelecer o apoio que perdeu cinco meses antes da eleição. "Vencemos uma batalha, falta só ganhar a guerra", disse Carepa. Ela corre atrás do apoio dos candidatos derrotados Fernando Carneiro (PSOL) e Cleber Rabelo, do PSTU. RIO GRANDE DO NORTEO Rio Grande do Norte tornou-se o principal reduto da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Nordeste, apesar dos índices de aprovação do petista acima de 80% no Estado. Após 16 anos, o DEM volta a assumir o governo potiguar com a vitória da senadora Rosalba Ciarlini, única candidata da oposição a vencer em primeiro turno no Nordeste . Antes dela, o hoje senador José Agripino Maia havia sido o último governador do DEM. Após a vitória, Rosalba seguiu para Mossoró, segundo maior colégio eleitoral do Estado e município em que ela foi três vezes prefeita. A governadora eleita prometeu "reconquistar a credibilidade do Estado".AMAZONASA primeira reação do candidato derrotado por uma diferença de 0,9% de votos ao Senado pelo Amazonas, Artur Virgílio (PSDB), foi dizer que encerraria sua carreira política. "Vou voltar à diplomacia", disse a amigos. O senador é diplomata de carreira no Itamaraty, licenciado desde 1988 para exercer cargos eletivos. Na noite do dia 3, o senador disse a um jornal local que houve "derrame de dinheiro" para eleger Vanessa (Grazziotin, do PC do B). Para Virgílio, a eleição da candidata seria um "instrumento de rancor pessoal contra ele" por parte do campeão de votos ao Senado pelo Amazonas, Eduardo Braga (PMDB). O senador está em repouso para tratar de um problema no joelho.AMAPÁOs dois candidatos ao governo na disputa de segundo turno no Amapá, Camilo Capiberibe (PSB) e Lucas Barreto (PTB), começam a elaborar hoje as estratégias que usarão no segundo turno. Nada ainda está concretizado em termos de apoio dos candidatos derrotados. O curioso é que os dois candidatos ao governo estadual apoiam a petista Dilma Rousseff (PT). Camilo Capiberibe diz que é o candidato de Dilma no Amapá, uma vez que seu partido, o PSB, está coligado com o PT. Lucas Barreto (PTB) - que teve 28,93% dos votos - disse que sua coligação e a coordenação da campanha ainda vão reunir para decidir se buscarão apoio de algum dos candidatos derrotados.

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