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Greve dos garis pode prejudicar volta às aulas nas escolas municipais do Rio

Preparadores de merenda da rede carioca também são funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana

Por Marcelo Gomes
Atualização:

RIO - Deflagrada no sábado de Carnaval, 1.º, a greve dos garis da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) pode prejudicar o retorno às aulas nas escolas da rede municipal carioca, previsto para a próxima segunda-feira, 10. Isso porque os agentes de preparação de alimentos (conhecidos como APAs) são funcionários da Comlurb, e muitos deles aderiram à paralisação dos garis.

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Na manhã desta quinta, 6, cerca de 400 funcionários da Comlurb, entre garis e APAs, participaram de uma assembleia em frente à sede da empresa, na Tijuca, zona norte do Rio, e decidiram manter a greve. “Somos nós APAs quem preparamos a merenda dos alunos. E sem merenda, não tem aula”, disse ao Estado Leonardo Mendes, de 28 anos, um dos agentes de preparo de alimentos que aderiu à greve. A rede educacional da Prefeitura do Rio possui cerca de 1.500 escolas e creches e atende cerca de 675 mil alunos.

Após a assembleia, os grevistas saíram em passeata pelas ruas da Tijuca e da Praça da Bandeira até a sede da prefeitura, na Cidade Nova. Durante o protesto, que durou cerca de duas horas na manhã desta quinta, guardas municipais e policiais militares do 6º Batalhão (Tijuca) faziam a segurança do prédio da Comlurb, na Rua Major Ávila. PMs do Batalhão de Policiamento de Grandes Eventos, conhecidos como “alfanuméricos” (por ostentarem coletes com números e letras grandes para facilitar sua identificação), também estavam no local.

Os garis que discursavam na manifestação desta quinta-feira em frente à Comlurb negavam qualquer ligação do movimento grevista com partidos políticos. O protesto contou com o apoio de um carro de som com adesivo do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense (Sintuff). Também estavam presentes Cyro Garcia, presidente do PSTU-RJ, e o ex-deputado federal Babá, fundador do PSOL.

Em entrevista, um dos líderes da paralisação, Célio Viana, admitiu que é filiado ao PR (partido do deputado federal Anthony Garotinho, adversário político do prefeito Eduardo Paes e do governador Sérgio Cabral, ambos do PMDB), mas negou que a greve tenha motivação política. Em 2012, ele concorreu a vereador do Rio pelo PR, mas não se elegeu. O caso foi noticiado na edição desta quinta-feira do jornal carioca “Extra”. “O movimento não tem nada a ver com eleição. Tem a ver com luta por melhorias salariais da categoria. E quem paga nosso salário é a Comlurb, não é partido político”.

Em seu blog na internet, Garotinho também negou estar por trás da greve. “Quero deixar claro que embora respeite o direito de greve dos garis, como de todos os trabalhadores, não tenho nenhuma participação no movimento”, escreveu o parlamentar nesta quinta-feira.

Conhecido por suas danças na Marquês de Sapucaí, o gari Renato Luiz Lourenço, de 49 anos, conhecido como Sorriso, também este no protesto. “Como eu trabalhei na Avenida, estava de folga nos últimos dois dias. A partir desta quinta, me juntei ao movimento. Não sou gari só para sambar. Sou igual a eles. Apoio meus colegas”, disse Sorriso, há 18 anos na Comlurb.

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