Indígenas libertam 50 empregados da Vale feitos reféns no Pará

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Por Clarissa Thomé
Atualização:

A Vale informou que terminou por volta das 21h a ocupação que o povo indígena Xikrin do Cateté fazia desde quinta-feira na unidade da empresa em Onça Puma, Ourilândia do Norte, no Pará, e que os 50 funcionários feitos reféns foram libertados. As tratativas entre a Vale e os indígenas recomeçarão na segunda-feira.

Os empregados da Vale foram retidos na unidade de extração de níquel da empresa em Onça Puma desde a manhã de quinta-feira. Cerca de 400 indígenas bloquearam a portaria. Neste sábado, eles ameaçaram atear fogo à unidade, informou a assessoria de imprensa da Vale. Os indígenas bloquearam a portaria como forma de pressionar por mudanças na proposta de acordo financeiro que está sendo negociado entre a mineradora, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público Federal. Eles querem que os recursos negociados sejam repassados para custeio das aldeias, e que haja verba adicional para projetos. O acordo prevê que os valores repassados sejam divididos entre custeio e projetos. Atualmente, as três aldeias recebem R$ 9 milhões por ano. “Conforme determinação judicial que está sendo seguida pela Vale, o recurso tem que prover o etnodesenvolvimento da comunidade e, por isto, deve ser focado em projetos”, informa nota divulgada pela mineradora. Desde quinta-feira, a Vale acionou a Funai, o Ministério Público Federal e a Polícia Militar sobre a situação dos empregados mantidos na unidade. “A empresa esclarece que já está sendo dado o devido encaminhamento para as questões acordadas com as demais comunidades indígenas da região e reitera seu respeito aos povos indígenas, bem como permanece aberta à busca de soluções para continuidade do bom relacionamento com as comunidades das regiões onde mantém operações. Porém, repudiamos qualquer forma de violência que ponha em risco a vida e a segurança de nossos empregados”, diz o texto.
A unidade de Onça Puma entrou em atividade em 2008. A produção de ferroníquel chegou a ser interrompida para reconstrução de um dos fornos onde o metal é produzido. A obra de modernização de subsistemas foi concluída em novembro. A previsão é de que a unidade produza, em 2014, 15 mil toneladas de níquel.

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