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Israelense é absolvido por contrabando de carros de luxo revendidos a jogadores

Yoram El Al e o contraventor Haylton Gomes foram absolvidos da acusação de importação de 103 veículos de luxo usados, revendidos para Emerson Sheik, do Corinthians, e outros jogadores

Por Marcelo Gomes
Atualização:

RIO - Condenados por contrabando de componentes eletrônicos para "viciar"máquinas caça-níqueis a fim de reduzir a probabilidade de ganho dos apostadores, o israelense Yoram El Al, de 41 anos, e o contraventor Haylton Gomes Carlos Escafura foram absolvidos da acusação de importação de 103 veículos de luxo usados, o que contraria as leis brasileiras. Alguns destes carros teriam sido revendidos para cantores e jogadores de futebol através de concessionárias de Haylton Escafura localizadas na Barra da Tijuca, bairro nobre da zona oeste do Rio de Janeiro. Ele é filho do "capo" José Caruzzo Escafura, o Piruinha, que explora o jogo do bicho e caça-níqueis em diversos bairros da zona norte da cidade. 

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Os crimes foram desvendados pela Operação Black Ops da Polícia Federal, desencadeada em outubro de 2011. Além de Yoram e Haylton,outras oito pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal pelos crimes de contrabando de veículos usados, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Em sua decisão que rejeitou a denúncia, o juiz Gustavo Mazzocchi, substituto na 3ª Vara Federal Criminal do Rio, escreveu que "não se demonstra na descrição dos fatos, a configuração dos elementos do tipo, a caracterizar as condutas nele contempladas, seja na forma tentada,seja na consumada. A denúncia limita-se a transcrever conversas telefônicas, sem a observância dos requisitos mínimos à persecução criminal". O magistrado acrescentou: "Basta que se veja: a acusação tem como elemento central importações de veículos usados. Entretanto, não explicita quando ocorreram, de que modo aconteceram os fatos, por onde se deu o ingresso, a procedência das mercadorias, quais são os automóveis objeto do contrabando e nem mesmo libela contra boa parte dos importadores imediatos (...)".

Mazzochi disse ainda que "Produzem-se denúncias, de fato, irresponsáveis, às vezes consorciadas com a imprensa, com desígnios outros (não que este seja o caso). E não é possível que se valide esse tipo de prática".

O juiz aceitou a denúncia apenas contra três denunciados por contrabando de veículos usados: José Mauro Saint Just Kalife, Wagner Monteiro Roseira e Arnaldo Melo de Azevedo.

Procurado pela reportagem do Estado, o procurador da República Sergio Pinel informou que recorreu da decisão ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). O recurso contra a rejeição da denúncia, no entanto, ainda não foi julgado.

Diguinho e Emerson Sheik

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Ainda como desdobramento da Operação Black Ops, os jogadores de futebol Diguinho, do Fluminense, e Emerson Sheik, do Corinthians, foram denunciados pelo MPF por lavagem de dinheiro e contrabando. Sheik foi acusado de utilizar a Euro Imported Cars, concessionária pertencente a Haylton Escafura, para importar irregularmente dos Estados Unidos dois BMW X6 usados. O primeiro veículo teria sido emplacado em nome de terceiros. Já o segundo, revendido para Diguinho, foi vendido por R$ 315 mil apesar de a nota fiscal do automóvel indicar R$ 200 mil. O processo contra a dupla está na fase de alegações finais dos réus. Em seguida, o juiz proferirá a sentença. Também foram investigados os cantores Belo e Latino, e o volante Kleberson, do Bahia, mas eles não foram denunciados à Justiça Federal por falta de provas.

Caça-Níqueis viciados

Na terça-feira, 5, o Estado revelou que o israelense Yoram El Al, de 41 anos, foi condenado pelo juiz Fabrício Soares, titular da 3ª Vara Federal Criminal do Rio, a 13 anos e 6 meses de reclusão e 1 ano e 2 meses de detenção por lavagem de dinheiro, crime contra a economia popular, contrabando de placas para máquinas eletrônicas programáveis em transporte aéreo e formação de quadrilha armada. Já o "capo" José Caruzzo Escafura, o Piruinha, foi condenado a dez anos de prisão. Seu filho Haylton pegou 13 anos. Ele e Yoram já estão presos. Neste processo, eles foram acusados de importar componentes eletrônicos que "viciavam" máquinas caça-níqueis para reduzir substancialmente a probabilidade de ganho dos apostadores.

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