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Já se está pagando para respirar oxigênio

Por Agencia Estado
Atualização:

Parece brincadeira, mas a nova mania da cidade é inspirar oxigênio. Cerca de 8 mil paulistanos já provaram a novidade, que pode vir pura, numa concentração maior do que a do ar atmosférico, ou aromatizada, numa essência a gosto do cliente. A onda surgiu no Japão há sete anos e desembarcou aqui há dois. No meio do caminho, popularizou-se em países da Europa e nos Estados Unidos, a ponto de já existirem bares onde as pessoas pagam US$ 1,00 por minuto para inalar oxigênio com os cateteres. Na internet, notícias de bares de oxigênio, os oxygen bars, existem aos milhares, inclusive no site da FDA, o departamento americano que analisa comidas e medicamentos. Michael Miller, da O2 Essencial Bares de Oxigênio Aromatizado, empresa que oferece o produto no Brasil, explica que o segredo são os concentradores de oxigênio, equipamentos com partículas que atraem o nitrogênio do ar ambiente. Com isso, a proporção normal de 78% de nitrogênio e 21% de oxigênio muda para de 40% a 42% de oxigênio - taxa inferior, porém, à encontrada nos cilindros de hospitais, que têm 96%. O ar passa por tubos e entra em garrafas com líquidos coloridos misturados a óleos essenciais e pode ser inalado por de 3 a 20 minutos. Em São Paulo, é possível encontrar oxigênio em festas, convenções, casas noturnas e até consultórios dentários. Desde o dia 2, ele é o centro da promoção de Natal do Shopping Paulista, que tem como slogan: "Depois de um ano como este, é a melhor forma de recuperar o fôlego para começar 2003." Segundo a superintendente do shopping, Marcia Saad, de 300 a 400 pessoas têm passado diariamente pelo Spa Oxigênio. Elas ganham uma sessão de cinco minutos de oxigênio puro ou aromatizado com limão, laranja ou eucalipto depois de comprarem R$ 30,00. Se quiserem, podem pôr venda nos olhos e fones com música relaxante. O dentista Anderson Ribeiro Bernal, que adotou o oxigênio em seu consultório na Vila Mariana por dois meses e meio também aprovou os resultados. "Funciona de um jeito mais psicológico que terapêutico. Dos 82 pacientes que usaram o oxigênio, 15 disseram não ter sentido diferença e o resto se sentiu mais relaxado." Os efeitos do oxigênio concentrado, aliás, são uma grande controvérsia. Na entrada do Spa Oxigênio, carta assinada pelo coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP, Paulo Saldiva, atesta que "na fração inspiratória de 40% e por tempo não superior a dez minutos, indivíduos não portadores de doenças respiratórias e cardiovasculares não apresentarão efeitos deletérios ou benéficos". O site da O2 confirma que não há estudos que comprovem o benefício de inalação de oxigênio concentrado. Para Miller, outro diferencial é o fato de se estimular o olfato. "As pessoas estão acostumadas a se concentrarem na vista, no tato e no paladar, mas não no olfato", diz, negando o mito de que o produto "dê barato" e destacando que nem toda essência pode ser inalada. Os perfumes, por exemplo, são proibidos porque contêm álcool. Quem já cheirou oxigênio também se divide nas opiniões. O advogado Marcus Albano Júnior, de 23 anos, diz ter sentido um "bem-estar grande" ao participar da promoção do Shopping Paulista. Já seu irmão, o estudante David Albano, de 19, não sentiu diferença. "Após andar duas horas e meia, você se acalma só de poder sentar." Já a psicóloga Gladys Tomaz Mounssef, de 35 anos, diz que foi "muito bom" sentir por cinco minutos o ar com essência de limão, "principalmente para essa vida louca que se vive em São Paulo". Os bares de oxigênio já estão sendo fabricados no Brasil. Miller diz que a idéia é até abril disponibilizar equipamentos para que as pessoas possam alugar e levar para casa. O oxigênio é também pago. O preço para uma festa com cem pessoas por seis horas é de R$ 650,00.

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