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Jobim defende apuração de pilhagem das vítimas do vôo da Gol

CPIs no Congresso devem iniciar investigação do roubo de documentos e jóias após acidente no ano passado

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Por Redação
Atualização:

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse neste domingo, 5, que espera que as denúncias de que as vítimas da tragédia do vôo da Gol 1907, em 29 de setembro do ano passado, tiveram seus documentos e objetos pessoais roubados, sejam "definitivamente apuradas". Já esta semana, as CPIs do Apagão Aéreo no Congresso devem iniciar investigações sobre a pilhagem. Segundo denúncia do Estado na edição deste domingo, documentos importantes de alguns dos 154 mortos estão sendo usados hoje por falsários - em um dos casos, um empréstimo de R$ 20 mil foi obtido com documentos de uma das vítimas no mês passado. No Senado, o relator, Demóstenes Torres (PFL-GO), quer ouvir o que a Aeronáutica tem a dizer e chamar familiares das vítimas para levantar os casos de pilhagem. Na Câmara, o vice-presidente da CPI, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) quer saber quem era o responsável pelo local do acidente para convocá-lo e descobrir como aconteceram as pilhagens. Depois de lembrar que "de sete a nove atores" estiveram envolvidos no processo de manuseio dos pertences das vítimas, o ministro Jobim afirmou que não acredita que pessoas da Aeronáutica que trabalharam no resgate dos corpos possam estar envolvidas neste problema. O Comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, não comentou as denúncias. O resgate dos corpos no interior de Mato Grosso, onde o avião caiu e os corpos foram resgatados, foi coordenado pelo Comando da Aeronáutica. Mas, antes de eles chegarem ao local, moradores da região e índios chegaram ao local e foram, inclusive, responsáveis por dizerem o ponto exato onde estava a aeronave. Além da Aeronáutica, a própria companhia aérea Gol e a Blake Emergency Services, empresa inglesa contratada para fazer o serviço de desinfecção e higienização de todos os pertences, também manusearam estes objetos, que ainda foram encaminhados ao Ministério Público, de acordo com a Aeronáutica. CPI no Congresso "É um absurdo, seja qual for a desculpa. Só mostra o descaso com as vítimas", afirmou Cunha, vice-presidente da CPI. "Governo e Aeronáutica já deviam estar investigando. A atitude mais insensível possível nessa hora é a Aeronáutica querer se livrar da responsabilidade dizendo que outras pessoas manusearam os documentos", afirmou Demóstenes. "Se a Aeronáutica não quiser se responsabilizar é o caso de se repensar o seu papel institucional. Jogaram tudo para baixo do tapete". Os casos descritos na reportagem chocaram parlamentares ouvidos pelo Estado. "É tão terrível que não dá nem para comentar. É uma coisa muito ofensiva. Nem sei como qualificar uma situação dessas, que nem a empresa nem o governo tenha tido o cuidado de preservar os restos mortais e os pertences dessas pessoas", disse o deputado José Aníbal (PSDB-SP). "Já não basta o trauma que a família sofre e ainda tem que passar pelo dissabor de ter os documentos das vítimas usados de forma ilegal e os objetivos roubados", afirmou o senador Renato Casagrande (PSB-ES), vice-presidente da CPI do Senado. "Isso mostra o nível de incompetência descaso que esse governo tem pelo drama das pessoas. A CPI tem que tomar conhecimento disso e oferecer denúncia daqueles que forem os responsáveis", disse o deputado Antonio Carlos Pannunzio, líder do PSDB na Câmara. "Temos que ver de quem é a responsabilidade. A partir dessa semana vamos abrir uma linha de investigação sobre isso", afirmou o deputado Carlos William (PTC-MG), que é membro da CPI na Câmara. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, também cobrou a apuração de responsabilidades. "É uma denúncia impressionante. Um desrespeito absurdo que se faz com o cidadão brasileiro", disse Britto. "É preciso apurar urgentemente as responsabilidades de quem permite tamanho descalabro, não com a fixação de dia e hora, ma com a adoção de medidas punitivas severas". Datafolha Sobre a pesquisa Datafolha, divulgada neste domingo, Jobim disse que "é normal" que o prestígio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tenha se abalado por causa do novo acidente com o Airbus da TAM, que matou quase 200 pessoas. "Os incidentes não podem ser atribuídos exclusivamente ao presidente, e não o são, e isso mostra que estamos agindo", declarou o ministro. Para ele, o acidente não refletiu na popularidade de Lula porque "há uma percepção nítida da população de que o governo não está parado, que o governo age, e com a determinação do próprio presidente". (Com Tânia Monteiro, Rosa Costa, Lisandra Paraguassú e Fabíola Salvador, do Estadão) 

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