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Jobim vê compra de caças fora da agenda

Ministro da Defesa diz que é preciso esperar ''momento melhor em termos orçamentários''

Por Wilson Tosta
Atualização:

Na abertura da Laad-Defence and Security 2011, oitava edição da maior feira de armamentos da América Latina, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, acenou ontem com uma má notícia para a Aeronáutica. Em coletiva após visitar o evento no Riocentro, ele indicou que o processo de compra de 36 aviões de caça pela Força Aérea Brasileira (FAB), suspenso pela presidente Dilma Rousseff por restrições ao Orçamento, poderá não ser retomado nem concluído em 2011.O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a "anunciar" a vitória do Rafale, da francesa Dassault, mas deixou a decisão para sua sucessora. Também disputam o negócio de US$ 10 bilhões a sueca Saab e a norte-americana Boeing. "A questão não está decidida", disse Jobim, aparentando desconforto. "Está com a presidente. Vamos esperar um momento melhor em termos orçamentários."A referência à necessidade de um "momento melhor" no Orçamento, porém, é uma forte indicação de que o negócio não será fechado este ano. Em março, o governo federal anunciou cortes orçamentários que, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, seriam definitivos - mesmo que a arrecadação aumentasse, os gastos cortados não seriam retomados. Desde então, a inflação se acelerou.Embora o fechamento do negócio dos aviões não signifique desembolso imediato - na verdade, vai demorar ainda pelo menos mais um ano de negociação de detalhes -, o anúncio da compra de caças dificultaria a manutenção, pela presidente, do discurso de austeridade e cortes.Demora. A concorrência para renovação da frota da FAB é discutida desde 2002. Iniciada no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), foi retomada na gestão de Lula (2003-2010), sem conclusão. A demora conflita com o fim próximo da vida útil dos atuais caças brasileiros - um avião desse tipo pode voar em segurança por cerca de 30 anos -, com novas necessidades de defesa do País, de proteção da camada pré-sal e da Amazônia, e com as pretensões do Brasil de ter maior peso político no mundo. Os três concorrentes estão aproveitando a Laad para retomar a propaganda de seus produtos e apostam que a concorrência não será reaberta.Contraditoriamente, em seu discurso na solenidade, Jobim defendeu os investimentos na área de defesa, em consonância com o crescimento do Brasil na economia e nas relações internacionais. "Estamos maduros para dar um salto qualitativo em diversas áreas, inclusive a da defesa nacional."

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