PUBLICIDADE

Juiz nega habeas corpus para presos da Operação Hurricane

Decisão também ratifica transferência dos presos para o MS após interrogatórios

Por Agencia Estado
Atualização:

O desembargador Abel Gomes, da 1º Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2º Região, negou nesta sexta-feira, 27, os pedidos de habeas corpus para que oito dos envolvidos na suposto esquema de compra de sentenças judiciais em favor da chamada máfia dos caça-níqueis. Aílton Guimarães Jorge, Júlio César Guimarães Sobreira, Aniz Abrahão David, Licínio Soares Bastos, Laurentino Freire Santos, José Luiz da Costa Rebello, Sérgio Luzio Marques de Araújo e Virgílio de Oliveira Medina, cujos advogados haviam pedido que seus clientes respondessem ao processo da 6º Vara Criminal Federal do Rio em liberdade, permanecem presos. Além da manutenção da prisão preventiva decretada pela juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, o desembargador também confirmou a determinação da titular da 6º Vara de que todos os presos sejam transferidos para o presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, após o fim da série de interrogatórios, no dia 7 de maio. Os advogados haviam pedido que, no caso de a prisão ser mantida, os presos permanecessem no Rio. Na fundamentação de sua decisão, o desembargador argumentou que os autos descrevem uma organização criminosa ousada e complexa, dotada de uma rede de tráfico de influência. Para o magistrado, se forem soltos, os acusados poderão atuar sorrateiramente em seu próprio benefício. Depoimentos A juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6.ª Vara Criminal Federal do Rio, conduziu nesta sexta-feira, por seis horas, a segunda série de interrogatórios dos presos na operação Hurricane (Furacão) da Polícia Federal (PF). Júlio César Guimarães Sobreira, sobrinho do contraventor Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, optou por permanecer em silêncio. Seu advogado, Nélio Machado, alegou não ter tido tempo hábil para tomar conhecimento pleno dos autos da investigação. Ele também se queixou da falta de um encontro reservado com seu cliente. Foi em um imóvel de Sobreira que a PF encontrou quase R$ 10 milhões escondidos atrás de uma parede falsa. Machado disse que ele explicará a origem do dinheiro em "momento oportuno". Os outros dois interrogados nesta sexta-feira, Paulo Roberto Ferreira Lino e José Renato Granado Ferreira, negaram participação no esquema de compra de sentenças judiciais em benefício de casas de bingo. Assim como Sobreira, os dois são dirigentes da Associação dos Bingos do Estado do Rio de Janeiro (Aberj). Apesar de terem direito a acompanhar os outros depoimentos, os três acusados ouvidos na quinta-feira não estiveram no prédio da Justiça Federal, no centro do Rio. Aniz Abrahão David, o Anísio, e Capitão Guimarães permaneceram no Batalhão Especial Prisional da PM (BEP), em Benfica, zona norte, onde passam a noite. O bicheiro Antônio Petrus Kalil, o Turcão, de 82 anos, foi levado para o Hospital Penitenciário de Bangu, na zona oeste. Segundo seus advogados, ele teve uma queda de pressão e obteve permissão da juíza para fazer exames. Seu objetivo é ficar em prisão domiciliar, o que já foi pedido à Justiça. No depoimento de quinta-feira, Turcão alegou sofrer de diabetes, falta de memória e problemas cardíacos. Ele admitiu que explorava o jogo do bicho em Niterói até quatro meses atrás, mas se afastou "por causa da idade e da doença". Além dos três contraventores, outros 12 presos transferidos na quinta-feira de Brasília para o Rio passarão a noite no BEP. Eles dormiram em um alojamento com nove beliches trazidas pela PF, responsável pela segurança dos presos. Todos recusaram a comida servida no batalhão, onde o cardápio era costelinha de porco. Preferiram comer biscoitos levados pelos advogados. A secretaria Ana Cláudia do Espírito Santo foi levada para a carceragem da Superintendência da PF, na Praça Mauá. Virgílio de Oliveira Medina foi à Brasília na noite de quarta-feira e deveria voltar ainda nesta sexta-feira para o Rio.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.