Sedimentos podem impactar a biodiversidade de fitoplâncton, algas e corais de Abrolhos; mancha foi detectada durante sobrevoos
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Por Luísa Martins
Atualização:
BRASÍLIA - A mancha de lama originária da tragédia de Mariana, que vinha se espalhando no litoral do Espírito Santo, sentido sul, agora se dispersou também para o norte, alcançando as proximidades do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no sul da Bahia. A Samarco, responsável pela barragem de Fundão, que se rompeu em 5 de novembro, já foi notificada a iniciar imediatamente a coleta de amostras na região. A empresa destaca que o material está diluído.
Embora de forma pouco concentrada, os sedimentos somam uma área de 6.197 km². A mancha foi detectada durante sobrevoos feitos por técnicos do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O “desvio de rota” foi possivelmente ocasionado por um intenso vento sul na última semana. A previsão de um ciclone para os próximos dias amplia a preocupação, pois não se sabe o impacto do fenômeno sobre a mancha.
Imagens aéreas do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos
1 / 13Imagens aéreas do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos
Sul da Bahia
Embora de forma pouco concentrada, os sedimentos somam uma área de 6.197 quilômetros quadrados Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/Divulgação
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O ICMBio informou que o parque não será interditado, mas não está afastada a possibilidade de haver extinção de espécies de corais - já vulneráveis às... Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/DivulgaçãoMais
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A mancha de lama originária da tragédia de Mariana, que vinha se espalhando no litoral do Espírito Santo, sentido sul, agorase dispersou também para o... Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/DivulgaçãoMais
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A mancha foi detectada durante sobrevoos feitos por técnicos do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/Divulgação
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Sobrevoo no litoral baiano não identifica visualmente sedimento de acidente ambiental em Mariana nas ilhas do Arquipélago de Abrolhos Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/Divulgação
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Os rejeitos podem afetar a atividade de fitoplâncton, algas calcárias e corais de Abrolhos - um dos principais patrimônios ambientais do Brasil e uma ... Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/DivulgaçãoMais
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O Ibama criticou a conduta da Samarco, julgando-a lenta e pouco proativa Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/Divulgação
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A Samarco informou que cedeu 'aeronave e imagens de satélite para análise técnica' Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/Divulgação
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A Samarco afirma que tem realizado, semanalmente, 'o monitoramento das praias na região da foz do Rio Doce, não encontrando nenhum resultado de metal ... Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/DivulgaçãoMais
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'Ter essa lama no mar é como colocar uma camada de fumaça em cima da Mata Atlântica ou da Floresta Amazônica, o que taparia o sol e impediria a fotoss... Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/DivulgaçãoMais
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Segundo o Ibama, os técnicos 'têm praticamente certeza de que se trata da lama de rejeitos' Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/Divulgação
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A Samarco promete tomar as devidas providências para evitar a contaminação da região de Abrolhos Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/Divulgação
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Abrolhos é um dos principais patrimônios ambientais do Brasil e uma das áreas de maior biodiversidade do Oceano Atlântico Foto: Manu Dias/Governo da Bahia/Divulgação
Os testes para confirmar a origem do material devem ficar prontos em dez dias, mas a presidente do Ibama, Marilene Ramos, afirmou que os técnicos “têm praticamente certeza de que se trata da lama de rejeitos”. Haveria mínima chance de se tratar de material erodido.
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Procurada, a Samarco informou que cedeu aeronave e imagens de satélite para análise técnica e “acredita que o material observado na região sul da Bahia é uma parte diluída da pluma (lama), misturada aos sedimentos da foz do Rio Caravela e demais sedimentos da região, que foram revolvidos em função de um fenômeno climático raro, que ocasionou fortes ressacas ao longo da costa capixaba e parte do litoral baiano”. “Cabe ressaltar que a Samarco tem realizado, semanalmente, o monitoramento das praias na região da foz do Rio Doce, não encontrando nenhum resultado de metal fora dos padrões.”
Efeitos. Os rejeitos podem afetar a atividade de fitoplâncton, algas calcárias e corais de Abrolhos – um dos principais patrimônios ambientais do Brasil e uma das áreas de maior biodiversidade do Oceano Atlântico. “Ter essa lama no mar é como colocar uma camada de fumaça em cima da Mata Atlântica ou da Floresta Amazônica, o que taparia o sol e impediria a fotossíntese”, comparou o presidente do ICMBio, Cláudio Maretti.
O órgão informou que o parque não será interditado, mas não está afastada a possibilidade de haver extinção de espécies de corais – já vulneráveis às mudanças climáticas em geral, que têm tornado as águas mais ácidas e, consequentemente, afetado seu colorido. Maretti disse que as consequências da tragédia estão sendo quantificadas, mas “a autuação (à Samarco) virá”. Disse, ainda, que mesmo que a bacia do Rio Doce seja recuperada “não é factível” que volte a ser como antes do rompimento da barragem de Fundão – que ainda deixou 17 mortos e 2 desaparecidos.
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
1 / 14Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
Lama
A lama de rejeitos de minério que vazou da barragem da Samarco já chegou ao mar, após passar pelo trecho do Rio Doce no distrito de Regência, em Linha... Foto: Gabriela Biló/EstadãoMais
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A onda de lama percorreu mais de 650 quilômetros em 16 dias Foto: Gabriela Biló/Estadão
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Nos últimos três dias a onda de lama passou por Colatina e Linhares, causando mortandade de peixes e comprometendo o abastecimento de água Foto: Gabriela Biló/Estadão
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A previsão do Ministério do Meio Ambiente, com base em projeções feitas por pesquisadores da Coppe-UFRJ, é que os sedimentos se dispersarão por uma ár... Foto: Gabriela Biló/EstadãoMais
Lama
É uma região de reprodução de tartarugas marinhas, inclusive de uma espécie criticamente ameaçada de extinção, a tartaruga-de-couro. Vários ninhos for... Foto: Gabriela Biló/EstadãoMais
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
Antes da lama mais pesada, alinha de frente da mancha, composta de um material mais leve e fino, tocou as ondas do litoral de Regência, um distrito do... Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/DivulgaçãoMais
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
O rio Doce deságua no mar em Linhares, cidade que fica no norte do Espírito Santo. Foi montada uma barreira para tentar conter os rejeitos de minério,... Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/DivulgaçãoMais
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
Os governos de Minas e do Espírito Santo se articulam para entrar com ação conjunta na Justiça contra a mineradora Samarco, controlada pela Vale e pel... Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/DivulgaçãoMais
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
O desastre ambiental em Mariana, considerado o maior já ocorrido no Brasil, deixou, até agora, oito mortos. Quatro corpos ainda não foram identificado... Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/DivulgaçãoMais
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
A lama que vazou com a queda das barragens, depois de destruir Bento Rodrigues (MG), atingiu o Rio Doce via afluentes, chegando ao Espírito Santo. Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/Divulgação
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
A onda de lama tem levado destruição à biodiversidade do Rio Doce, desde o município homônimo em Minas, onde nasce. Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/Divulgação
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
Boias infláveis estão sendo usadas pela mineradora Samarco para tentar conter os danos na foz do Rio Doce, em Linhares, no litoral do Espírito Santo Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/Divulgação
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
A dispersão da lama pode ser de 3 km em direção ao norte e de 6 km em direção ao sul quando elas atingirem o mar pela foz do Rio Doce, informou a mini... Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/DivulgaçãoMais
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
O desastre foi a maior catástrofe ambiental do País Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/Divulgação
A presidente do Ibama criticou a conduta da empresa, julgando-a lenta e pouco proativa. Segundo ela, a mineradora recorreu das multas aplicadas (cinco de R$ 50 milhões cada) e não quis propor acordo em relação à ação civil pública, movida pela União e pelos Estados de Minas e Espírito Santo, que pedia o pagamento de R$ 20 bilhões para um fundo de recuperação da Bacia do Rio Doce.
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A Justiça já determinou, em primeira instância, o pagamento da primeira parcela, de R$ 2 bilhões. “A empresa se preocupa apenas com as questões emergenciais, mas é míope em relação ao todo. Independentemente da admissão ou não de culpa, foi a atividade dela que, voluntária ou involuntariamente, causou o maior desastre ambiental do País”, disse ela.
Espírito Santo. Três praias de Linhares, na região norte do Espírito Santo, foram interditadas pela prefeitura da cidade, nesta quarta-feira, 6. De acordo com o órgão, as praias de Pontal do Ipiranga, Degredo e Barra Seca estão impróprias para banho. Toda região foi afetada pela lama de rejeitos da mineradora Samarco.