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Local de reconstituição da morte de mulher arrastada no Rio é alterado

Vizinhos capinaram área; policiais alegam que não viram a mulher por causa do mato

Por Thaise Constancio
Atualização:

RIO - Com uma hora e meia de atraso, policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da 29ª Delegacia de Polícia (Madureira) chegaram ao Morro da Congonha, em Madureira, zona norte do Rio, nesta quinta-feira, 3, para fazer a reconstituição da morte da auxiliar de serviços gerais Claudia da Silva Ferreira, de 38 anos. Um boneco foi confeccionado para representar a mulher.

O local em que a auxiliar de serviços gerais Claudia Silva Ferreira, de 38 anos, foi baleada sofreu modificações. Vizinhos capinaram a mata que havia ali. Em depoimento, os policiais disseram que não viram Claudia por causa do mato. A polícia tentar reconstituir a cena com o mato que foi deixado no local da capina.

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Os policiais disseram ainda que havia traficantes em uma escada, depois do local em que a auxiliar foi baleada. Nessa escada, um dos advogados da defesa, Nélio Andrade, disse ter encontrado hoje cápsulas de bala, além de relógio e uma mochila, que seriam indícios da presença de seguranças.

O advogado Jorge Carneiro Mendes, que defende o policial Rodney Miguel Archanjo, disse que vai usar informações do GPS da viatura na defesa dos policiais. Os vizinhos de Claudia afirmam que o socorro demorou 40 minutos, mas os policiais afirmam que chegaram ao local em 5 minutos.

Segurança. Agentes da Core analisam a área para checar a presença de traficantes. Uma moradora, que preferiu não se identificar, afirmou que, logo que chegaram no morro, os policiais mandaram todos voltarem para suas casas. "Eu fui buscar minhas cartas (a correspondência nas favelas é entregue na Associação de Moradores) e eles estavam com as armas apontadas para mim", disse.

"Eles entraram como se fosse um cenário de guerra, com armas em punho. Uma prática comum nas comunidades. Ninguém me abordou, não mostrei nenhum documento porque estou de terno, mas os meninos daqui, pobres, foram todos revistados. Isso é preconceito, não tem outro nome", afirmou advogado da família, João Tancredo, sobre a chegada dos policiais à Congonha.

Os oito policiais militares do 9º Batalhão (Rocha Miranda), que em depoimento afirmaram ter participado da operação de 16 de março, quando Claudia foi morta, foram intimados pelo delegado Carlos Henrique Machado, titular da 29ª DP. Familiares e testemunhas também participarão da reconstituição.

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"Espero que eles cheguem à conclusão de que foram os policiais que mataram a minha esposa. Não teve confronto naquele dia", disse o viúvo Alexandre Fernandes da Silva, de 41 anos. Inicialmente, os policiais disseram que houve um tiroteio na comunidade no dia 16 de março. Depois mudaram a versão e afirmaram que Claudia já estava morta quando eles chegaram.

 

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