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Marcha para Jesus reúne ao menos 250 mil em caminhada para a zona norte

O número, informado às 15h30, foi dado pela Polícia Militar, mas os organizadores do evento falaram em "milhões de participantes"

Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

SÃO PAULO - Vestindo camisetas personalizadas da seleção brasileira, pelo menos 250 mil pessoas estiveram presentes ontem na 22.ª edição da Marcha para Jesus, em São Paulo. O número, informado às 15h30, foi dado pela Polícia Militar, mas os organizadores do evento falaram em "milhões de participantes" no site oficial. O uniforme com as inscrições do evento trouxe o número 33 nas costas, que representa a idade da morte de Cristo. O tema de 2014 foi "Conquistando Para Cristo". Organizada e presidida pelo apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer, a marcha reuniu igrejas cristãs de várias denominações. Ela percorreu quatro quilômetros pela Avenida Tiradentes, da Praça da Luz, no centro, até a Praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira, na zona norte. No percurso, oito carros de som variaram pregações, escola de samba, grupos de rap e cantores gospel. O evento ainda contou com bandas evangélicas como Eyshila, Renascer Praise e a cantora Ana Paula Valadão, organizadas em um palco na praça Campo de Bagatelle, na zona norte. A marcha teve início às 10h. Em alguns pontos, foram vistas faixas de cunho político, de defensores da ditadura militar a jovens pedindo mais ética na política. "Ela (a marcha) representa nosso desejo de expressar essa fé e declarar a bênção do Senhor sobre nosso país!", afirma Hernandes. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) organizou uma operação especial para o evento em 47 pontos do percurso, mas houve congestionamento nas zonas norte e oeste da cidade. A fonoaudióloga Priscila Agostinho, de 29 anos, participou da Marcha pela 15.ª vez. Desde os 14 anos ela vem ao evento. Trouxe o namorado Júlio César Alves pela segunda vez na caminhada. "Eu era católico e ela me trouxe pela segunda vez. Me senti muito bem", disse Alves. "Você é abençoado, é um dia que tira para Jesus", disse Priscila. Segundo o casal, este ano a edição foi especial por ser época da Copa. "A alegria e a animação são maiores", contou Priscila, que saiu cedo de Piracicaba (no interior de São Paulo) com o namorado para prestigiar a Marcha. O produtor gráfico Marcelo Caetano, de 38 anos, está presente na marcha há 11 anos. Ontem, ele levou os filhos Juan, de 10, e Lorena, de 2. "Está sendo ótimo. Aqui não tem confusão. Está sendo uma bênção", disse. Insistência. Pela terceiro ano seguido, o manobrista Daniel Francisco da Silva perdeu o evento por causa do trabalho. Aos sábados, a churrascaria em que trabalha costuma estar lotada. Desta vez, ao menos, ele esteve próximo e pode sentir a "vibração" do movimento: a empresa fica na Avenida Olavo Fontoura, primeira via de saída do palco em que as bandas se apresentaram. Era até possível ouvir as músicas. "Gosto da marcha porque todos estão unidos em um só pensamento. São pessoas de denominações diferentes, mas todos demonstram uma forma de expressar amor a deus", argumenta. Nas edições de 2013 e 2012, Silva trabalhou como garçom. Ele é evangélico desde os 11, por influência do pai. "Meu pai parou de beber e sair muito graças a igreja e eu segui o caminho dele", explica. Souza diz que não é frequentador assíduo de festas e, nos dias de folga, costuma ir ao shopping com a mulher e à igreja. Para 2015, uma promessa: "vou fazer de tudo para estar lá". Bebidas. Diferentemente de outras festas de rua, não há uma cerveja sequer na Marcha. Quem busca bebida encontra sucos industrializados e refrigerantes. O vendedor Alex Cairos, 34, explica: "está escrito na Bíblia que você pode beber, mas não se embriagar. Ou seja, nada de álcool. Um vinho, no máximo, que é o sangue de Cristo". Alex era católico e se converteu há dois anos, depois de um período em que considerou estar sem propósito na vida. "O que o mundo me oferecia era apenas momentâneo", relata. Segundo Cairos, depois de entrar para a denominação "Sara nossa Terra", de uma igreja evangélica da Saúde, zona sul, sua vida mudou. "Consegui casamento, carro próprio e deixei a casa da minha sogra. Hoje moro em casa alugada e logo compro a minha", contou. Os R$ 70 obtidos por Cairo com a venda dos sucos serão revertidos, segundo ele, para um projeto social de sua comunidade, o Parceiro de Deus, que trabalha com alcoolatras e dependentes químicos.

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