Embarcação ficará na região por quatro meses; Samarco tem até 2ª para explicar por que não colocou planos de emergência em prática
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Por Luísa Martins
Atualização:
Chegou ao litoral capixaba na terça-feira, 24, o navio hidro-oceanográfico Vital de Oliveira, a principal e mais moderna embarcação de pesquisa da Marinha do Brasil. Ele fará monitoramento diário do Rio Doce durante o período de chuvas (quatro meses).
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Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, as chuvas devem movimentar a lama depositada no fundo do rio, chegando à foz e provocando aumento da turbidez da água. “É o desastre ambiental mais grave que o Brasil já teve, de proporções inimagináveis”, disse.
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também estão atuando para entender a dispersão dos rejeitos com um modelo matemático, que analisa correntezas e direção do vento. O uso do Vital de Oliveira atende ainda a um pedido do governo do Estado. “Paralelamente a isso, vamos começar a discutir a restauração da bacia”, disse Izabella no programa de rádio Bom Dia, Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). “Teremos de contar com a generosidade da natureza para acelerar os processos.”
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
1 / 14Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
Lama
A lama de rejeitos de minério que vazou da barragem da Samarco já chegou ao mar, após passar pelo trecho do Rio Doce no distrito de Regência, em Linha... Foto: Gabriela Biló/EstadãoMais
Lama
A onda de lama percorreu mais de 650 quilômetros em 16 dias Foto: Gabriela Biló/Estadão
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Nos últimos três dias a onda de lama passou por Colatina e Linhares, causando mortandade de peixes e comprometendo o abastecimento de água Foto: Gabriela Biló/Estadão
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A previsão do Ministério do Meio Ambiente, com base em projeções feitas por pesquisadores da Coppe-UFRJ, é que os sedimentos se dispersarão por uma ár... Foto: Gabriela Biló/EstadãoMais
Lama
É uma região de reprodução de tartarugas marinhas, inclusive de uma espécie criticamente ameaçada de extinção, a tartaruga-de-couro. Vários ninhos for... Foto: Gabriela Biló/EstadãoMais
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
Antes da lama mais pesada, alinha de frente da mancha, composta de um material mais leve e fino, tocou as ondas do litoral de Regência, um distrito do... Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/DivulgaçãoMais
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
O rio Doce deságua no mar em Linhares, cidade que fica no norte do Espírito Santo. Foi montada uma barreira para tentar conter os rejeitos de minério,... Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/DivulgaçãoMais
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
Os governos de Minas e do Espírito Santo se articulam para entrar com ação conjunta na Justiça contra a mineradora Samarco, controlada pela Vale e pel... Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/DivulgaçãoMais
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
O desastre ambiental em Mariana, considerado o maior já ocorrido no Brasil, deixou, até agora, oito mortos. Quatro corpos ainda não foram identificado... Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/DivulgaçãoMais
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
A lama que vazou com a queda das barragens, depois de destruir Bento Rodrigues (MG), atingiu o Rio Doce via afluentes, chegando ao Espírito Santo. Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/Divulgação
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
A onda de lama tem levado destruição à biodiversidade do Rio Doce, desde o município homônimo em Minas, onde nasce. Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/Divulgação
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
Boias infláveis estão sendo usadas pela mineradora Samarco para tentar conter os danos na foz do Rio Doce, em Linhares, no litoral do Espírito Santo Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/Divulgação
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
A dispersão da lama pode ser de 3 km em direção ao norte e de 6 km em direção ao sul quando elas atingirem o mar pela foz do Rio Doce, informou a mini... Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/DivulgaçãoMais
Lama muda a cor do mar na foz do Rio Doce
O desastre foi a maior catástrofe ambiental do País Foto: Fred Loureiro/Secom-ES/Divulgação
O rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, despejou 62 milhões de metros cúbicos de lama sobre localidades como Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana (MG). Onze mortos já foram confirmados e há pelo menos 11 pessoas desaparecidas. Os cerca de 600 desabrigados estão hospedados em hotéis – e devem ser realocados para casas mobiliadas alugadas pela mineradora.
A tragédia avança pelo litoral capixaba, com a enxurrada de lama exigindo a interrupção no abastecimento. Em Colatina, um protesto contra a falta de água, na terça, teve de ser contido pela Tropa de Choque. Oito pessoas foram presas.
Justiça. O Ministério Público do Espírito Santo, juntamente com o Ministério Público Federal e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, deu prazo até segunda-feira para que a Samarco explique por que não colocou em prática os planos de emergência no momento do rompimento da barragem, o que poderia ter reduzido prejuízos.
Durante as investigações, foi levantado que há seis anos a empresa RTI (Rescue Training International), contratada pela Samarco, elaborou um plano estratégico vasto, prevendo a proteção aos funcionários e comunidades, no caso de rompimento de uma barragem. No entanto, tal plano não foi utilizado. A mineradora informou que tem um plano de contingência, aprovado pelos órgãos competentes, que foi cumprido.
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A Samarco deve começar a distribuir em dezembro cartões de débito para as famílias atingidas pelo rompimento da barragem, principalmente as que tiveram sua atividade econômica comprometida, como agricultores e pescadores. A mineradora vai pagar um valor mensal para que os trabalhadores possam se sustentar: um salário mínimo por chefe de família, mais 20% de um salário mínimo para cada dependente. O valor já é contestado pelo Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), que reivindica um salário mínimo por pessoa. / COLABOROU LUCIANA ALMEIDA, ESPECIAL PARA O ESTADO