Marinha monitora lama no litoral capixaba

Embarcação ficará na região por quatro meses; Samarco tem até 2ª para explicar por que não colocou planos de emergência em prática

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Por Luísa Martins
Atualização:
O navio hidro-oceanográfico Vital de Oliveira fará monitoramento diário do Rio Doce durante o período de chuvas Foto: Thiago Guimaraes/SECOM ES

Chegou ao litoral capixaba na terça-feira, 24, o navio hidro-oceanográfico Vital de Oliveira, a principal e mais moderna embarcação de pesquisa da Marinha do Brasil. Ele fará monitoramento diário do Rio Doce durante o período de chuvas (quatro meses). 

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Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, as chuvas devem movimentar a lama depositada no fundo do rio, chegando à foz e provocando aumento da turbidez da água. “É o desastre ambiental mais grave que o Brasil já teve, de proporções inimagináveis”, disse.

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também estão atuando para entender a dispersão dos rejeitos com um modelo matemático, que analisa correntezas e direção do vento. O uso do Vital de Oliveira atende ainda a um pedido do governo do Estado. “Paralelamente a isso, vamos começar a discutir a restauração da bacia”, disse Izabella no programa de rádio Bom Dia, Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). “Teremos de contar com a generosidade da natureza para acelerar os processos.”

O rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, despejou 62 milhões de metros cúbicos de lama sobre localidades como Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana (MG). Onze mortos já foram confirmados e há pelo menos 11 pessoas desaparecidas. Os cerca de 600 desabrigados estão hospedados em hotéis – e devem ser realocados para casas mobiliadas alugadas pela mineradora.

A tragédia avança pelo litoral capixaba, com a enxurrada de lama exigindo a interrupção no abastecimento. Em Colatina, um protesto contra a falta de água, na terça, teve de ser contido pela Tropa de Choque. Oito pessoas foram presas.

Justiça. O Ministério Público do Espírito Santo, juntamente com o Ministério Público Federal e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, deu prazo até segunda-feira para que a Samarco explique por que não colocou em prática os planos de emergência no momento do rompimento da barragem, o que poderia ter reduzido prejuízos. 

Durante as investigações, foi levantado que há seis anos a empresa RTI (Rescue Training International), contratada pela Samarco, elaborou um plano estratégico vasto, prevendo a proteção aos funcionários e comunidades, no caso de rompimento de uma barragem. No entanto, tal plano não foi utilizado. A mineradora informou que tem um plano de contingência, aprovado pelos órgãos competentes, que foi cumprido.

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A Samarco deve começar a distribuir em dezembro cartões de débito para as famílias atingidas pelo rompimento da barragem, principalmente as que tiveram sua atividade econômica comprometida, como agricultores e pescadores. A mineradora vai pagar um valor mensal para que os trabalhadores possam se sustentar: um salário mínimo por chefe de família, mais 20% de um salário mínimo para cada dependente. O valor já é contestado pelo Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), que reivindica um salário mínimo por pessoa. / COLABOROU LUCIANA ALMEIDA, ESPECIAL PARA O ESTADO