Ministro da Justiça diz que estupro coletivo é atentado à dignidade de todas as mulheres

De acordo com Alexandre de Moraes, Michel Temer determinou que a Polícia Federal ajude no caso

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Por Idiana Tomazelli e Vinicius Neder
Atualização:
O ministro da Justiça,Alexandre de Moraes Foto: Felipe Rau/Estadão

O ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, afirmou em entrevista que o estupro coletivo sofrido por uma adolescente de 16 anos na zona oeste do Rio fere a dignidade de todas as mulheres. Segundo ele, por determinação direta do presidente em exercício Michel Temer (PMDB), a Polícia Federal está à disposição para ajudar no caso.

"Esse é um atentado à dignidade não só da vítima, mas à de todas as mulheres", afirmou Moraes, que concedeu entrevista coletiva ao lado do secretário de Estado de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame. O ministro viajou especialmente para tratar do caso.

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Beltrame também disse que o crime é uma agressão a todos os cidadãos. "Seja lá com o auxílio de quem for, não vamos permitir que um crime desse tipo fique impune", disse o secretário. "Não vamos deixar passar em branco."

Neste momento, segundo o secretário de Segurança, a polícia realiza uma operação no morro da Barão, onde a adolescente foi estuprada no último final de semana. Até a tarde desta sexta-feira, a polícia havia identificado quatro homens envolvidos, seja por participação direta no ato ou pela divulgação das imagens. Porém, as autoridades não haviam pedido a prisão de nenhum deles.

Repercussão. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), divulgou nota de repúdio ao crime. "Extremamente indignado diante de tamanha violência que envergonha e provoca dor em todos os brasileiros", afirmou o ministro. No comunicado, Gilmar afirmou ter certeza de que "os culpados serão punidos pela Justiça".

Também por meio de nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) classificou o crime como "barbárie" e afirmou que, "além de chocar toda a população brasileira, evidencia a necessidade de punições rígidas contra a violência de gênero". A entidade afirma que irá designar representantes da Comissão Nacional da Mulher Advogada para acompanhar o caso.

Já a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) afirmou que os casos registrados no Rio e em Bom Jesus do Piauí "são apenas a ponta aparente" da enorme violência e dos abusos praticados contra mulheres no País. Em nota, o vice-presidente de Direitos Humanos da entidade, Ricardo Barreto, afirmou que se solidariza às vítimas e suas famílias.

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"Nenhum país que se pretenda civilizado, nenhum povo que se reconheça digno pode permitir a continuidade desse ciclo de violência baseado no gênero, assim como há de combater aquela fundada na raça, na religião ou na opção sexual, dentre outras", disse Barreto.

A entidade requereu empenho das autoridades responsáveis na apuração dos casos e na punição dos culpados. "Esse triste momento nacional haverá de gerar no seio de nossa sociedade o ambiente adequado à discussão de políticas publicas de combate à violência sexual e de estimulo a uma cultura de paz", afirmou o vice-presidente da AMB. 

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