Ministro quer que armas apreendidas com bandidos sejam usadas pela polícia

Alexandre de Moraes também disse, em coletiva nesta segunda, que o Brasil precisa mais de armamento do que pesquisas em segurança

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Por Suellen Amorim
Atualização:
Moraes: 'Não é possível que se aguarde nove meses para comprar fuzis' Foto: AP Photo/Eraldo Peres

RIO - O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, lamentou a “burocracia” que envolve a compra de armamento pelas forças de segurança nacionais. Em entrevista na Cidade da Polícia, no Rio, nesta terça-feira, 16, ele disse já haver redigido um decreto que deve ser publicado até o fim do mês para permitir que policiais utilizem armamento apreendido com criminosos, após um processo de legalização. O decreto também diminuirá o tempo de espera para a compra de armas oficiais.

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“Não é possível que se aguarde nove meses para comprar fuzis”, disse Moraes, lembrando que hoje as armas apreendidas têm de ser destruídas pelo Exército. O ministro também falou da necessidade de convênios entre a Força Nacional de Segurança, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal e as Polícias Civis dos Estados para o fortalecimento das instituições.

Moraes anunciou a criação de cinco núcleos permanentes de inteligência e operação com foco especialmente no combate ao narcotráfico. Os núcleos estarão nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, os maiores consumidores de drogas do País, e também no Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul - estes, as portas para entrada de drogas no País.

“Segurança pública não é só uma questão de polícia, é um erro culpar a polícia pelas questões de criminalidade”, afirmou o ministro, ressaltando a importância de agir com rapidez e inteligência.

O ministro citou como exemplo de eficiência a investigação da morte do soldado da Força Nacional de Segurança Hélio Andrade, morto semana passada ao entrar por engano na Vila do João, favela da zona norte. Andrade estava no Rio para reforçar o esquema de segurança da Olimpíada. Os criminosos, no entanto, ainda estão soltos.

Armamento. Moraes também afirmou que o Brasil precisa de menos pesquisa em segurança e mais armamento. O ministro disse que a prioridade do Ministério da Justiça, nesse momento, é investir em “equipamentos para inteligência e equipamentos bélicos”.

Moraes criticou os investimentos do governo federal, nos últimos anos, em diagnósticos de segurança pública. “Tem especialista que nunca trabalhou em segurança pública, mas, de alguma forma, vira especialista, que cobra viagens internacionais para aprender não sei o que”, disse.

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Segundo o ministro, o governo vai priorizar a aquisição de equipamentos para as polícias do País durante a sua gestão, que começou em 12 de maio, quando tomou posse no governo do presidente interino, Michel Temer. Ele disse que já pediu à comissão orçamentária da pasta para “alterar várias rubricas”, a fim de concentrar ações no que chamou de fortalecimento da polícia.

O ministro negou que no novo governo haja uma política de enfrentamento ao crime; preferiu chamá-la de política de legalidade. Ele disse que há um fenômeno de "glamourização" dos líderes de tráfico nas comunidades. Para ele, esses criminosos são “ditadores armados”.