Mulher de milionário é a principal suspeita, diz delegado

´Tudo gira em torno da herança´, diz Cardoso sobre o assassinato de Senna

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Por Agencia Estado
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O titular da Delegacia de Homicídios, Roberto Cardoso, afirmou nesta terça-feira pela primeira vez que "uma série de indícios leva a crer" que a cabeleireira Adriana Almeida "seja a mentora" do assassinato do ganhador de R$ 52 milhões da Mega Sena, Renné Senna, com quem ela era casada. Adriana e outros cinco acusados de participação no crime, ocorrido no dia 7 de janeiro em um bar em Rio Bonito, estão presos. O motorista Edney Gonçalves Pereira foi o último a apresentar-se à polícia - ele chegou à delegacia no início da tarde desta terça acompanhado de um advogado, e negou a acusação. Cardoso assumiu a investigação do caso há uma semana. Nesta terça-feora, ele faria o reconhecimento do local do crime. "Tudo gira em torno da herança, do dinheiro", declarou o delegado. "Era ela (Adriana) quem dava as cartas, quem fazia os pagamentos na casa. Houve várias demissões depois que ela se juntou a Renné, inclusive de parentes dele". A cabeleireira, segundo a investigação, demitiu a equipe de seguranças que havia sido contratada pelo milionário e levou o ex-policial militar Anderson da Silva de Souza para chefiar o novo grupo. Souza foi acusado de ser o autor do crime em ligação ao Disque Denúncia. A mulher dele, Janaína Oliveira, professora de ginástica de Adriana, foi presa na segunda-feira. O delegado citou o fato de Adriana ter comprado um apartamento sem o conhecimento do marido e a briga que teve com Senna, supostamente motivada por relações extraconjugais dela, que resultou na sua expulsão de casa, três dias antes do assassinato. Cardoso disse não ter provas de que Souza seria amante de Adriana. Após ser demitido da segurança de Senna, segundo denúncias, Souza teria afirmado que invadiria a fazenda de R$ 9 milhões comprada por ele depois de ganhar o prêmio para se vingar, disse o delegado. Em operação de busca e apreensão na casa de Souza, a polícia encontrou envelopes com propostas de segurança privada que indicam o eventual envolvimento do ex-policial com milícias. A suspeita é investigada pelo delegado. Em um dos envelopes havia o nome de um PM amigo de Souza que foi ouvido nesta terça por Cardoso. "Avançamos muito", comentou o delegado, sem informar o conteúdo do depoimento. As seis prisões temporárias foram decretadas pela 2.ª Vara Criminal de Rio Bonito. Motorista da prefeitura de Niterói e perito criminal, Edney Gonçalves Pereira se disse indignado com a acusação e afirmou que no momento do crime trabalhava na obra de uma farmácia que está construindo na frente de sua casa, em São Gonçalo. "Estão me acusando de uma coisa que não existe. Não tenho medo de nada porque não devo nada." Algemado, o motorista afirmou não acreditar que Adriana tenha planejado a morte do marido. Ele disse que trabalhou por dois meses para Senna, em julho e agosto do ano passado, como motorista e segurança. "Eu fui demitido porque não sou policial". Ele disse que não se apresentou antes porque teve dificuldade para encontrar um advogado que quisesse assumir o caso. "Acho que se não existissem provas ele não teria sido preso", declarou o delegado. Cronologia do caso Julho de 2005: René Senna, ex-lavrador e ex-açougueiro de Rio Bonito, ganha sozinho o prêmio de R$ 52 milhões da Mega Sena Janeiro de 2006: René, então com 53 anos, se casa com a cabeleireira Adriana Almeida, de 28 anos Janeiro de 2007: Adriana paga R$ 300 mil por uma cobertura no Arraial do Cabo (RJ). No documento de compra e venda, diz não ser casada nem ter relacionamento estável 4 de janeiro: O casal briga, e Adriana deixa a fazenda de R$ 9 milhões onde morava com o marido 7 de janeiro: René Senna é morto com quatro tiros de pistola à queima-roupa no Bar do Penco 12 de janeiro: Acusada pela única filha de René, Renata, de ser a mandante do crime, Adriana depõe na delegacia de Rio Bonito. A polícia pede quebra do sigilo bancário e telefônico da ex-cabeleireira 27 de janeiro: O motorista de van Robson de Oliveira, de 27 anos, diz em depoimento de seis horas que ele e a viúva se conhecem há três anos, já namoraram, reataram em setembro e passaram o réveillon juntos em Arraial do Cabo 29 de janeiro: Adriana admite que mentiu e pede pra refazer declarações à polícia 30 de janeiro: Adriana é presa sob acusação de envolvimento no crime

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