´Na hora da apresentação, não se sente nada´, diz artista

Para artistas de trio-elétrico, shows de pelo menos seis horas, sob sol ou chuva e sobre palco móvel demandam cuidados como boa alimentação e exercícios contra desgaste

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Por Agencia Estado
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É de se imaginar que um show de pelo menos seis horas, sob sol ou chuva e sobre um palco móvel - no caso, um trio elétrico -, demande uma série de providências e cuidados por parte dos artistas. "Na hora da apresentação, a gente não sente nada, por causa da adrenalina, mas no dia seguinte, o corpo sofre se a gente não se cuidar", afirma o vocalista da Banda Eva, Saulo Fernandes, de 29 anos. Saulo deixa as festas carnavalescas para os foliões quando não comanda blocos. Entre o domingo e esta segunda-feira, 19, por exemplo, foi dormir cedo. O desgaste causado pela apresentação, à frente do Bloco Eva, no Circuito Osmar (Campo Grande), deixou marcas: só conseguiu acordar ao meio-dia. "Fui correndo tomar um banho de mar para me energizar antes de voltar para o trio", conta. Na volta, almoçou rapidamente algumas iguarias da culinária japonesa e partiu para o circuito. Puxador de trio, porém, tem suas regalias. Não pára no trânsito engarrafado dos arredores dos circuitos - batedores abrem caminho - e tem acesso irrestrito pelas avenidas e ruas que compõem a folia baiana. A van de Saulo chegou à porta do trio com 15 minutos de atraso, às 14h15. O início da apresentação está marcado para as 14h30. Do lado de fora, gritos histéricos emolduram a passagem do cantor de um veículo para outro. Os músicos da banda, àquela altura, já haviam feito a oração que tradicionalmente antecede as apresentações e se energizado com pemba de Oxalá - uma mistura de raízes e ervas trituradas com cristais - aplicada pela mãe de um dos músicos, a filha de santo Carmem Araújo. Saulo entra no camarim móvel quando a banda já se aquece sobre o trio. Cercado pelo porcelanato do piso, pelo couro dos sofás e por garrafas das bebidas mais diversas - de isotônicos a uísque, passando por achocolatados -, ele pede licença aos presentes para alguns minutos a sós com Carmem. A energização com a mistura é caprichada, pelo corpo todo. "As energias, de alguma forma, permeiam o ambiente - e quem é o alvo das atenções precisa estar protegido", justifica a filha de santo. O cantor, então, troca de roupa e sobe correndo para o alto do trio. Sem demora, saúda os músicos, pega o microfone e anuncia a própria chegada aos 3 mil integrantes do bloco - e a outros tantos foliões que estão na pipoca. Antes mesmo de o trio começar a andar, entoa a primeira canção - a de trabalho da banda para o carnaval, "Carnaval de Salvador, Aê ó". A reação do público é instantânea. Seguem-se outros sucessos da banda, primeiramente interpretados por outros cantores que já estiveram no lugar hoje ocupado por Saulo - entre eles, Ivete Sangalo. A primeira chance de ir ao banheiro foi quatro horas depois de a apresentação começar, já na Praça Castro Alves. A ausência não durou mais de dois minutos, mas o público estranhou a saída do vocalista do posto principal do trio e pediu sua volta. A crescente popularidade do Eva, que andava em fase um tanto sombria desde a saída de Ivete, pode ser percebida em todos os trechos do circuito. A cada beijo retribuído, Saulo arranca gritos e lágrimas das fãs. O bloco volta a despertar interesse, também, dos famosos. No trio, a modelo Maryeva Oliveira e o dançarino Fábio Molejo (ex de Ivete), dançavam separados, numa tentativa de tentar disfarçar o romance. Para quem estava a bordo, não houve como.

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