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Na Sala de Promessas de Aparecida, fiéis deixam de foto a prótese

Por mês, mais de 19 mil devotos deixam objetos local; administração faz rodízio das peças

Por José Maria Mayrink
Atualização:
Interior da Sala de Promessas no Santuário Nacional de Aparecida Foto: Tiago Queiroz

São tantos os devotos, mais de 19 mil por mês, na Sala das Promessas, no subsolo da Catedral-Basílica, que a administração é obrigada a substituir as peças menores, em rodízio, para mostrar o maior número possível das provas de gratidão dos devotos. Há cerca de 87 mil fotos grampeadas no teto e centenas de objetos expostos nas vitrinas,  numa área de 1.300 metros quadrado. Manequins de noivas, fardas militares, armas de fogo e maquetes de casas e igrejas testemunham graças e milagres, sem contar a história dos beneficiários que ali deixaram tantas lembranças. Um capacete e um par de luvas de Ayrton Senna, levados pela família, são uma das principais atrações, ao lado de uma mochila que o ator Renato Aragão ofereceu, após uma peregrinação a pé, de São Paulo a Aparecida, em 1999. Um militar identificado como Ornellas no crachá deixou seu uniforme camuflado do Exército dos Estados Unidos, sem mais informações.Os ex-votos chegam a 25 mil nas temporadas de mais movimento. Próteses de órgãos do corpo curados por supostos milagres chegam à recepção e são registrados na secretaria,  antes de serem mostrados ao público.

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No corredor de entrada da Sala das Promessas, réplicas da canoa com os três pescadores reproduzem o encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição. Quadros grandes contam os milagres que marcaram a história de Aparecida no século 19 – o cavaleiro sem fé de Cuiabá, cuja montaria ficou com as patas grudadas na pedra da escadaria, quando ele tentou invadir a Matriz Basílica, a ceguinha de nascença que ficou curada ao chegar à igreja, o escravo cujas correntes se soltaram  por intercessão da Virgem Maria, o resgate do menino Marcelino das águas do Rio Paraíba e o fenômeno das velas que se apagaram e voltaram a se acender sozinhas. As correntes originais do escravo, de 7 metros de comprimento e 3,2 quilos de peso, estão expostas no Museu de Nossa Senhora Aparecida, localizado no primeiro e segundo andares da Torre Brasília, cujo mirante, no 16º andar, oferece vista panorâmica da cidade e arredores. 

No mesmo subsolo da Sala das Promessas, os devotos encontram livrarias, lojas e banheiros. Um amplo refeitório, com dezenas de mesas e cadeiras, está sempre aberto para quem traz lanches e marmitas de casa para não ter de comer nos restaurantes do Centro de Apoio aos Romeiros, que servem refeições a quilo. Os preços são camaradas, nada de sofisticado. Uma passarela coberta liga  o Centro de Apoio à Basílica. Entre as construções,  um pátio aberto, pelo qual se precisa caminhar ao relento, sujeito a sol quente e chuvas.

Complemento da Sala das Promessas, a Capela das Velas queima, dia e noite, velas enormes  trazidas pelos romeiros para pedir ou agradecer milagres ou ajuda de Nossa Senhora Aparecida. Devotos caminham com as velas em procissão, cantando e rezando, antes de depositá-las junto ao uma cruz de aço, de 4 metros de altura, obra do artistas sacro Cláudio Pastro, falecido este ano, autor de toda a decoração do interior da basílica. Nos finais de semana mais movimentados, são retiradas em média 10 toneladas de cera derretida na capela.

Museu de Cera. Inaugurado em fevereiro de 2016, o Memorial de Devoção é um centro de entretenimento imperdível para os romeiros que quiserem conhecer um pouco mais a história de Aparecida. O prédio moderno, de 6 mil metros quadrados,  tem 20 cenários e mais de 70 estátuas em tamanho natural, entre as quais as de Padre Cícero e da Beata Irmã Dulce, logo na entrada do complexo. Mais uma vez, a cena do encontro das imagem no Rio Paraíba sobressai entre as atrações, ao lado da reprodução dos milagres históricos do século 19.

Antes de percorrer as galerias e salas de exposição, os visitantes assistem a um documentário de 15 minutos no Cine Padroeira, com dez projetores laser de alta definição,  exibição em 3D, sem necessidade da óculos. O imperador Pedro I, teria visitado a capela primitiva do atual Santuário Nacional dias antes do grito da independência às margens do Ipiranga,  é uma das figuras em destaque do Museu de Cera do Memorial de Devoção.

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