No Rio, Lula faz promessas para 2011

Em evento oficial com clima eleitoral, ele disse que plano é construir 2 milhões de casas

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Por Luciana Nunes Leal e Felipe Werneck
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocou ontem o tom de despedida por um discurso de confiança na continuidade de seu governo e promessas para o futuro. Durante entrega de moradias no complexo do Alemão e na favela de Manguinhos, Lula anunciou o plano de construção de 2 milhões de habitações populares a partir de 2011 e pediu estudos para uma linha de crédito que permita a famílias pobres ampliarem suas casas. No discurso, ele lembrou que faltam "dois meses e meia dúzia de dias para deixar a Presidência". "A partir do ano que vem, temos 2 milhões de casas para construir no programa Minha Casa, Minha Vida. Eduardo Paes e Sérgio Cabral vão ter muito trabalho", afirmou.O presidente não citou a disputa presidencial, mas a festa não escapou do clima eleitoral. O prefeito Eduardo Paes e o governador reeleito Sérgio Cabral, ambos do PMDB, fizeram referências indiretas à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Além disso, houve distribuição de material de divulgação da presidenciável durante as solenidades. Crianças e mulheres participaram dos eventos com adesivos colados na roupa e segurando bandeiras da candidata. Segundo os participantes, o material foi distribuído por militantes do PT no interior dos condomínios, em espaço controlado pela segurança da Presidência.Em Manguinhos, além das bandeiras distribuídas e das manifestações no interior do conjunto habitacional, operários que participam de obras na comunidade cantaram músicas pró-Dilma do lado de fora. Eles também seguravam uma bandeira da candidata. "Recebi a bandeira de um cara que estava passando. Voto na Dilma para as obras continuarem", disse o ajudante de eletricista Leandro Oliveira da Costa, morador da favela Mandela, que integra a região onde os apartamentos estavam sendo entregues.No Alemão, os adesivos eram entregues aos moradores da comunidade junto com um folder em que eram detalhadas as iniciativas do PAC na região. A distribuição foi feita de maneira discreta e não houve manifestações ostensivas em favor da presidenciável petista ao longo do evento.Os moradores que usavam os adesivos colados na roupa evitaram falar sobre o assunto. Uma mulher, que pediu para não ser identificada, explicou que havia recebido o material assim que entrou no condomínio.Consultados, o Tribunal Regional Eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral e a Procuradoria Regional Eleitoral não quiseram comentar se a distribuição de propaganda era irregular.No fim da tarde, depois do terceiro compromisso na cidade, Lula admitiu que sua agenda tem algum impacto eleitoral, mas frisou que o candidato do PSDB, José Serra, foi governador até abril. "O vice dele deve estar inaugurando. Não deve ter muita coisa (para inaugurar), mas tem, está lá", ironizou. Petrobrás. No ritmo do presidente, a Petrobrás intensificou a agenda de eventos nesta última semana de campanha eleitoral. São três eventos n a semana, incluindo o anúncio feito ontem de projetos sociais beneficiados pelo programa Petrobrás Desenvolvimento e Cidadania. Na quinta-feira, a empresa recebe Lula para inaugurar o projeto-piloto de produção de petróleo em Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos."O mundo existe independentemente da eleição", justificou o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli. Lula usou igual argumento, alegando que não pode parar de governar por causa das eleições. "Se você não vier entregar, não tem sentido governar", declarou. "Se por conta de cada eleição a gente tiver de parar o País, num mandato de quatro anos, um ano está perdido." Ele acrescentou que manterá uma intensa agenda de inaugurações até o último dia do mandato. / COLABORARAM ALFREDO JUNQUEIRA, GABRIELA MOREIRA, NICOLA PAMPLONA e ALEXANDRE RODRIGUESPlanosLULAPRESIDENTE"Vamos ter que pensar como criar mecanismos através da Caixa para que possa financiar as pessoas que têm uma casinha em um terreno melhor, mas precisam acabar suas casas"

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