''Nunca houve convergência entre Itamar e Collor''

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Por Alfredo Junqueira
Atualização:

DEPOIMENTOPedro Simon, senador (PMDB-RS), foi líder do governo de ItamarUltimo senador a deixar o salão da Câmara Municipal de Juiz de Fora, Pedro Simon (PMDB-RS) falou, emocionado, sobre sua convivência com Itamar. O peemedebista lembrou-se da época em que se conheceram, durante as convenções que escolheram Itamar candidato do MDB ao Senado em Minas em 1974, e do período em que foi líder do governo no Senado do então presidente entre 1992 e 1994. Confira o depoimento: "Na época do impeachment (do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992) me reaproximei dele (de Itamar). Assumi a liderança de seu governo no Senado e acompanhei todo o seu mandato. Posso dizer que se tratava de uma pessoa fantástica. Não existe mais ninguém sequer parecido com ele.Não teve uma vírgula do que tenha ocorrido no seu governo que ele não tomasse providências. O Hargreaves (Henrique Hargreaves, ministro da Casa Civil de Itamar), ele demitiu, e acabou voltando quando se comprovou que não havia nada de errado. Do ponto de vista institucional, seu governo também marcou época. Assim que ele assumiu, convocou uma reunião com os presidentes de todos os partidos. Ele disse que renunciaria ao cargo se os líderes partidários julgassem que seria melhor convocar eleição para escolher novo presidente. Não precisou. Não houve nenhuma crise durante o governo Itamar, como essas que ocorreram nos últimos anos. O Plano Real foi feito sem dar emprego e vantagens (a aliados). Desafio qualquer um a mostrar algum momento em que o governo negociou voto no Congresso em troca de emprego (...). O Itamar pagava do próprio bolso os medicamentos que sua mãe usava. Ele anotava tudo. E de dois em dois meses convocava o ministro da Saúde para reclamar de como os preços disparavam. A vinda do Collor hoje aqui é um gesto dele para mostrar que a vida continua. Agora que o Itamar morreu, né? Não há no mundo dois pontos tão equidistantes um do outro que nem foi o Itamar com o Collor. Não dá nem para entender. Não há convergência."

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