Obras são marcos nas carreiras dos dois pintores

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Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

É provável que os ladrões que furtaram o Masp não conheçam história da arte o suficiente para saber que ambas as pinturas representam momentos cruciais na carreira dos artistas. Mas foram informados de que Picasso vale US$ 50 milhões, e Portinari, em torno de US$ 5,5 milhões. Não é preciso ser expert para saber que esses valores são fixados também em função da raridade. Um Picasso da fase azul, como a tela furtada, é mais raro que um da fase cubista, da qual o Masp tem o óleo Busto de Homem (O Atleta), de 1909. E mais valioso que o pastel a óleo sobre papel Natureza-morta com Melancia e Cacto (1948) ou o óleo Toalete (Fernande), de 1906. Da mesma forma, há pinturas de Portinari da época de O Lavrador de Café (1939) que são representativas de suas preocupações sociais, mas nenhuma comparável a esta. Numa mesma tela, Portinari evoca a herança escravagista e sua infância como descendente de colonos italianos, ao retratar um lavrador negro numa fazenda de café atravessada por uma locomotiva - a ponte entre o mundo arcaico e o progresso. Portinari, que une a história da imigração e da cultura cafeeira, tem outras duas telas no Masp (O Último Baluarte - A Ira das Mães e São Francisco). Nenhuma tão importante como a obra furtada. Portinari, cuja produção ficou na mão de colecionadores particulares (95% das obras), tem poucas pinturas em museus paulistas (por enquanto, a Pinacoteca é um deles).

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