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Operação Diáspora desarticula PCC no Acre

Maioria dos suspeitos de integrarem o grupo no Acre já cumpria pena

Por Itaan Arruda
Atualização:

RIO BRANCO - Trinta e nove mandados de busca, apreensão e de prisão foram executados nesta sexta-feira, 2, para desarticular a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Acre. Em três meses de investigação e 2.160 horas de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, o serviço de inteligência da Polícia Civil identificou todo esquema de trabalho do grupo criminoso.No Acre, o líder do PCC, Tiago da Silva Gomes (conhecido como Mestre dos Magos ou Paciência) mantinha contato com outros dois presos em penitenciárias localizadas no interior de São Paulo e no Mato Grosso. As ordens e orientações eram emitidas pela dupla a partir dos presídios.Dos 39 presos, apenas cinco estavam livres. Os demais ou já cumpriam pena ou foram presos recentemente. O Ministério da Justiça já autorizou a transferência dos seis presos mais perigosos. Eles saem hoje de Rio Branco.Seis contas bancárias utilizadas pelo grupo para transações criminosas foram bloqueadas pela polícia e serão alvos de investigação. Durante as prisões efetuadas, foi apreendido um livro que registrava toda a movimentação contábil do PCC no Acre."Para os integrantes do PCC, ser preso, às vezes, é até um prêmio porque significa uma progressão dentro da própria organização criminosa", explica o secretário de Estado de Polícia Civil, Emylson Farias, durante entrevista coletiva onde estavam representantes da Secretaria de Estado de Segurança Pública, da Polícia Militar e do Instituto de Administração Penitenciária."Aqui, eu faço um mea culpa", reconheceu o presidente do Iapen, Dirceu Augusto da Silva. "O Iapen falhou".Metralhadora"Na primeira semana de novembro do ano passado, tínhamos 18 membros mapeados", lembra o delegado Alcino Fereira Júnior, um dos coordenadores da operação. "Na terceira semana de janeiro nós já estávamos com 39, justamente os que foram presos agora".O bloqueador de celulares utilizado nos complexos penitenciários não funcionou em nenhum momento. "Isso aqui, ó", disse o delegado Alcino Júnior erguendo um aparelho celular, "é uma metralhadora nas mãos do PCC dentro de uma penitenciária".Um dos reflexos da atuação do grupo no Acre é um aumento de apreensão de maconha nos últimos anos. Só em 2012, foram apreendidas 1,5 toneladas de maconha no Acre, contabilizadas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes."O investimento em segurança pública é muito aquém do que é necessário", desabafa Alcino Júnior que passou por dificuldades para manter equipe trabalhando em tempo integral para executar a Operação Diáspora.Esse material era adquirido pelo grupo ao preço de R$ 600 o quilo no Centro-Oeste e Sudeste e era vendido no Acre a R$ 1,2 mil o quilo.15 assaltos de médio porte e 3 assassinatos foram evitadosA Galeria Meta e o Via Verde Shopping, dois importantes centros comerciais de Rio Branco, seriam assaltados pelos integrantes do PCC no fim do ano passado. O monitoramento feito pela Polícia Civil evitou a execução do crime.São nesses assaltos que o grupo criminoso se capitaliza e consegue recursos para compra de armas, facilitada pela proximidade com a fronteira com o Peru e Bolívia.Ao todo, foram 15 assaltos (de grande e médio porte) que o trabalho da Polícia Civil conseguiu neutralizar. Além disso, a investigação conseguiu evitar que três pessoas fossem assassinadas. Entre elas, uma policial civil. "O PCC iria matá-la especificamente pelo fato de ser policial civil", pontuou o delegado Alcino Ferreira Júnior. O comando para execução das mortes partiu de dentro do presídio.

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