País ganha central unificada de denúncias de pedofilia na web

Projeto custa R$ 528 mil e deverá acelerar o trabalho da Justiça e da Polícia Federal; projeto foi lançado na 5ª

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Por Clarissa Thomé e William Glauber
Atualização:

A Secretaria Especial dos Direitos Humanos, a Polícia Federal e a ONG SaferNet lançaram nesta quinta-feira, 27, a primeira hotline do País - uma central unificada de denúncias de crimes virtuais contra pedofilia. Após acordo assinado durante o 3.º Congresso Mundial de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a entidade passa também a centralizar, processar e monitorar queixas de delitos cibernéticos recebidos pelo Disque 100 do governo federal. A PF tem agora acesso imediato ao banco de dados para apurar as denúncias. O projeto custará R$ 528 mil por ano, financiados pela Petrobrás. O acordo de cooperação terá validade de um ano, renováveis por mais dois. Veja também: Confira a cartilha online da SaferNet Como denunciar a pedofilia e proteger seus filhos na web  A cartilha do governo para prevenção da exploração Todas as notícias sobre pedofilia  A ONG recebe diariamente 2,5 mil queixas de pedofilia, racismo, homofobia e intolerância religiosa, entre outros crimes na internet. Desse total, 63% correspondem a abusos contra crianças e adolescentes. Como um delito pode ser denunciado por mais de um internauta, há duplicidade das informações e, ao fim de cada dia, se registram 400 casos novos. A central, equipada com um software fornecido pela polícia canadense e desenvolvido pela Microsoft, evitará o duplo registro da mesma ocorrência. "Hoje as informações são muito poluídas. O filtro vai racionalizar os recursos humanos. Nesse canal, o trabalho não será repetido", disse a delegada Leila Vidal, chefe da Divisão de Direitos Humanos da PF. Diariamente, seis técnicos da Polícia Federal analisarão as denúncias recebidas pelo site. "A central vai acelerar o trabalho e descentralizar os casos pelo País, para dar início às investigações." Segundo o presidente da SaferNet, Thiago Tavares, além de aprimorar as ações da PF na busca dos criminosos, a hotline brasileira diminuirá o tempo de permanência das páginas irregulares na internet. "A polícia acompanhará desde a denúncia até a remoção do conteúdo impróprio no provedor", disse. A SaferNet já assinou termos de cooperação com o Ministério Público Federal em São Paulo, Rio, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul. De acordo com a coordenadora nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Criança e Adolescente, Leila Paiva, o novo instrumento vai alimentar bases de dados do governo federal. "Vamos ter retorno das investigações da PF. Será possível saber onde há mais delitos, se as vítimas são crianças brasileiras, se a Justiça está rápida. Teremos melhores condições para elaborar políticas públicas", afirmou. Atualmente, a secretaria, com status de ministério, não tem um mapeamento sobre crimes contra os direitos humanos cometidos na web.

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